Embratel e Claro iniciam integração

A integração da América Móvil com a Telmex é uma estratégia de defesa do bilionário mexicano das comunicações, Carlos Slim, para blindar suas operações na América Latina e fazer frente à fusão da Telefônica e da Vivo no Brasil, principal mercado das companhias do empresário na região. A América Móvil e Telmex, controladoras da Claro, Embratel e Net, se anteciparam à Telefónica de España que também quer integrar sua operação fixa e móvel no Brasil por meio da Vivo. No caso das empresas de Slim, o processo é bem mais simples, pois são empresas do mesmo grupo.

Para Cristiano Zaroni, consultor de telecomunicações para a América Latina da Frost & Sullivan, a iniciativa do empresário mexicano não é apenas uma reação à Telefônica, mas um movimento importante para que a empresa espanhola não bloqueie o crescimento da América Móvil na região. "A convergência dos serviços é uma tendência internacional e sem dúvida se coloca nesse escopo", afirma Zaroni. "No Brasil, quem deu o pontapé inicial foi a Oi, com a integração da Brasil Telecom em 2008."

A operação será bastante complexa e deve durar entre um ano e meio a dois anos, com dois momentos. As empresas ganham com interconexão e ofertas comuns de produtos de longa distância, além da escala com a união de áreas de vendas, marketing e compras. A economia estimada com a integração no Brasil vai de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões, com uma base global de 200 milhões de assinantes.

As áreas de infraestrutura e tecnologia da Claro e da Embratel têm conversado muito ultimamente por meio de comitês internos compostos por funcionários das duas companhias, segundo uma fonte próxima às operadoras. As reuniões já estariam influenciando nas decisões de compra de equipamentos das operadoras. A mesma fonte afirma ainda que haveria um clima de competição interna entre as equipes para mostrar os melhores resultados e garantir seu espaço em uma possível fusão entre Claro e Embratel.

O primeiro movimento será a integração entre Embratel e Claro. Posteriormente será incluída a Net com a aprovação do PL-29, projeto de lei que permite a oferta de conteúdo pelas operadoras de telecomunicações.

Pela forma como estão organizadas as empresas de Carlos Slim a Claro e a Embratel hoje têm dificuldades em criar ofertas conjuntas de mobilidade e telefonia fixa. É que mesmo estando dentro de um mesmo grupo elas pertencem a empresas e estruturas diferentes – América Móvil no caso da Claro e Telmex para a Embratel. "A integração é sempre barrada nas matrizes mexicanas", diz Júlio Püschel analista da Informa Telecom & Media. Para o especialista, com a simplificação no controle, as empresas vão ganhar na convergência. "Em um primeiro momento o que deve acontecer é a oferta conjunta de produtos, sem integração das companhias", avalia. Püschel acreditar ainda que a Embratel pode fortalecer sua oferta de telefonia fixa para clientes residenciais. A estratégia, no entanto, não seria executada usando o Livre, e sim por meio da tecnologia WiMax.

A vantagem da América Móvil, segundo um analista é clara: centraliza o controle das operações e dá mais poder de fogo para a nova empresa. Permite que a Net, por exemplo possa lutar com novos players de banda larga que estão entrando agressivamente no mercado, como a GVT.

José Otero, presidente da consultoria Signals, não acredita que uma fusão entre Claro e Embratel possa enfrentar problemas com os órgãos reguladores brasileiros. "Juntas elas não criam uma empresa que será dominante em nenhum mercado", diz. Otero ressalta ainda, que a empresa resultante da união das duas companhias seria menor do que a da união entre Telefónica e Vivo. Levando em consideração a receita líquida das empresas, a diferença de porte seria de R$ 8 bilhões a mais para a Telefónica e a Vivo, que juntas tiveram um faturamento de R$ 32 bilhões em 2009.

(Ana Luiza Mahlmeister e Gustavo Brigatto | Valor)
 

 

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