Emissão de debêntures cresce mas perde ritmo no trimestre

O estoque de debêntures no Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (Cetip) cresceu 13,66% até 18 de outubro, de R$ 337,68 bilhões para R$ 383,829 bilhões, um avanço líquido de R$ 46,149 bilhões no ano. Mas o ritmo caiu de R$ 5,356 bilhões em agosto para R$ 2,919 bilhões em setembro.

"No atual cenário de aversão a risco, existe uma tendência de redução das emissões", afirma o professor de Finanças da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Mário Amigo.

Ele argumenta que no mercado secundário de títulos privados a negociação reduziu cerca de 25% em setembro, mas diz que em 2012 o cenário poderá ser melhor. "Os governos estão trabalhando para dar mais liquidez aos mercados, e há uma dinâmica positiva das companhias para financiar seus investimentos."

O professor de Mercado Financeiro do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de Minas Gerais (IBMEC-MG), Alexandre Galvão, tem opinião semelhante.

"As captações externas estão tímidas, mas empresas continuam captando pois necessitam de recursos para investimentos", diz. Na sua opinião, a alternativa pelo mercado doméstico é pelo fato de muitos bancos estrangeiros terem reduzido limites para companhias brasileiras. "O mercado internacional está muito seletivo, sobretudo para aquelas companhias que já pegaram muito capital", diz Galvão.

A emissão de títulos privados no Brasil paga ao investidor a taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) mais juros de 2% a 3% ao ano. Fundos de investimentos com debêntures pagaram na média, 9,38% em 9 meses de 2011, ou 12,12% em 12 meses.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em nove meses fechados ao final de setembro, a emissão de debêntures alcançou R$ 54, 505 bilhões por meio de 162 operações. Dessas, 153 emissões foram realizadas por meio de esforços restritos e outras 9 registradas diretamente na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em setembro, foram registradas cinco operações, sendo a maior a da rede Lojas Americanas, com uma emissão de R$ 500 milhões com prazo de 7 anos.

Na sequência, a Anhanguera Educacional captou R$ 400 milhões com prazo de 7 anos, seguida pelas Centrais Elétricas da Paraíba (Epasa) com R$ 130 milhões e prazo de 5 anos. E fora do prazo médio de mercado, de 5,1 anos, a Eletricidade do Brasil (Ebrasil) emitiu R$ 15 milhões com prazo de 3 anos e a holdingContax Participações, acionista da companhia de TI e telecomunicações Contax, captou R$ 100 milhões com prazo de apenas 4 meses.

Em agosto, a Rodovia das Colinas emitiu R$ 160 milhões com prazo de apenas 1 ano, e RV Tecnologia e Sistemas captou R$ 15 milhões com prazo de 3 anos.

Em outubro, três operações já estão em análise na CVM e Anbima no valor de R$ 830,7 milhões – Plascar Participações Industriais, Cachoeira Paulista Transmissão de Energia e Unidas.

Eletrobras

A agência de classificação de risco Moody”s Investors Service anunciou em comunicado que atribuiu um rating "Baa2" ao bônus sênior sem garantia de ativos reais, com vencimento em 10 anos, a serem emitidos pela Eletrobras numa oferta de até US$ 2,5 bilhões. A Moody”s também concedeu um rating de emissor em moeda estrangeira "Baa2" à companhia. A perspectiva para ambos os ratings é estável.

Esta é a primeira vez que Moody”s atribui ratings à Eletrobras. Os recursos levantados com a emissão serão utilizados em sua maior parte para apoiar o programa de investimentos da companhia A Eletrobras contratou o Credit Suisse e o Santander para realizarem reuniões com investidores de renda fixa num esforço para vender bônus globais, reportou a Dow Jones, citando uma fonte da planejada oferta.

Segundo a fonte, as reuniões estão previstas para serem realizadas em Boston, Nova York, Los Angeles nos dias 18 e 19 de outubro. A Moody”s disse no comunicado que "a posição dominante da Eletrobras no setor de energia elétrica brasileiro suporta o rating de emissor "Baa2", assim como o faz sua estrutura de capital relativamente adequada, caracterizada por forte liquidez e baixa alavancagem para sua categoria de rating. O suporte implícito do governo brasileiro também reforça o rating". "O governo poderia potencialmente utilizar a Eletrobras como meio para alcançar seus objetivos políticos", ressalvou a Moody”s. O governo detém indiretamente 79,6% do capital votante da Eletrobras e 67,4% do capital total da companhia.

(Ernani Fagundesae l DCI)
 

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