Endividada, Filizola entra em recuperação judicial

A centenária fabricante de balanças Filizola acaba de entrar em recuperação judicial. Ontem, segundo a empresa, o pedido foi deferido pela Justiça paulista. De acordo CEO (presidente executivo) Paulo Coggo, essa foi a alternativa encontrada para conseguir restabelecer a saúde financeira da empresa, investir em novos segmentos e sanar a dívida com os credores, hoje em R$ 25 milhões.
 
O faturamento da empresa vem patinando há anos: era de R$ 72 milhões em 2007 e fechou em R$ 80 milhões em 2011. Porém, neste ano, o resultado deve cair – de janeiro a março, a receita bruta acumulada ficou em torno de apenas R$ 9 milhões, insuficiente para gerar lucro. O presidente atribui as dificuldades à retração no mercado, mas principalmente a problemas com os fornecedores, que causaram atrasos nas entregas.
 
Fundada em 1886, a Filizola S.A. é uma companhia nacional de administração familiar. Em 2008, sob o comando da quarta geração, chegou a tentar uma reestruturação com auxílio de uma assessoria especializada em profissionalização de gestão. No fim daquele ano, com a crise global, o plano acabou indo por água abaixo e voltou ao antigo modelo. A saúde financeira da Filizola,desde então, foi se deteriorando. Coggo avalia que houve erros da administração e isso em um momento delicado, de escassez de crédito: "Faltou capital de giro para crescer".
 
A empresa faz balanças comerciais e industriais em duas unidades em Campo Grande (MS) e emprega 280 funcionários.
 
Deferida a recuperação judicial, a Filizola tem prazo de 60 dias para apresentar o plano de viabilidade econômica e, em seguida, 120 dias para obter a aprovação desse plano pelos credores. De acordo com o presidente, R$ 10 milhões da dívida da empresa são com fornecedores e os outros R$ 15 milhões com bancos e fundos. O principal credor é o Santander, com R$ 4,3 milhões. O plano de viabilidade econômica ainda está sendo preparado e a intenção da empresa é liquidar a dívida em 6 anos.
 
Para alavancar a recuperação, uma das estratégias comerciais da Filizola é algo que já estava traçado desde 2008: entrar em novos segmentos. Segundo Coggo, a empresa só aguarda a homologação das secretarias de fazenda estaduais para começar a fabricar as chamadas impressoras fiscais. O equipamento, que imprime notas fiscais, é cada vez mais demandado em todos os níveis do comércio brasileiro por causa do crescimento da regulamentação no varejo e, por isso, visto como um bom nicho de mercado. "A gente estima que a venda desse produto pode acrescentar R$ 3 milhões ao nosso faturamento mensal", disse o CEO.
 
Com 20 anos de experiência em recuperação administrativa, dono de uma empresa especializada, Coggo havia passado pela Filizola entre 2005 e 2007 e retornou em junho do ano passado. Ele levou uma equipe de sua confiança para auxiliar na missão de restaurar as finanças da fabricante. O bisneto do fundador, Marcelo Filizola, que estava na presidência, afastou-se da companhia. Os netos Rubens e Vicente Filizola ficaram no conselho. Hoje, a família admite que há um problema de sucessão e trabalha com a possibilidade de receber sócios ou até vender o controle.

(Ana Fernandes e Ivo Ribeiro | Valor)
 

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