Este senhor tem um problema de R$ 500 milhões

Maior projeto imobiliário da capital paulista, em quatro décadas, atrasa e pode criar um buraco de proporções gigantescas para a Tecnisa.

Um bairro está sendo levantado do chão na zona oeste de São Paulo pelas mãos da iniciativa privada. Batizado de Jardim das Perdizes, o projeto vem sendo conduzido pela construtora e incorporadora Tecnisa, do empresário Meyer Negri. Trata-se do maior projeto imobiliário da capital paulista nos últimos 40 anos. Tudo relativo ao empreendimento tem dimensões gigantescas. Serão 250 mil metros quadrados de área construída. No terreno, serão erguidos 30 prédios residenciais e comerciais, além de um hotel de quatro estrelas. O valor geral de vendas (VGV) é estimado em R$ 4 bilhões. As obras de infraestrutura foram concluídas e as ruas estão traçadas.

Só o estande de vendas custou R$ 13 milhões, investimento feito pela Windsor Investimentos Imobiliários, empresa constituída para o projeto, da qual a Tecnisa detém 68,9%; a PDG, 25%; e o Banco Votorantim, os 6,1% restantes. Mas esse novo bairro pode se transformar também em um problema de proporções colossais para a Tecnisa. A primeira fase de lançamentos, prevista para junho, atrasou. Agora, a nova data para começar as vendas é o último trimestre deste ano. Se tudo der certo, ela movimentará R$ 700 milhões, dos quais R$ 500 milhões irão para o caixa da Tecnisa.
 
“Estamos lutando para correr com as aprovações e há muita esperança sobre a primeira fase, ainda em 2012”, afirmou Nigri, fundador e presidente da empresa, durante conferência para analistas, em agosto deste ano. “A segunda fase, avaliada em R$ 1 bilhão e que esperávamos lançar também neste ano, ficou para 2013.” A expectativa de consultores de vendas, ouvidos por DINHEIRO, incluindo os da imobiliária Lopes, que participará da negociação, é que os primeiros lançamentos também ocorram apenas em 2013. Um dos entraves é a aprovação da prefeitura, que precisa se certificar de que as obras de infraestrutura foram feitas de acordo com o projeto. “O empreendimento já sofreu muitos atrasos”, afirma Fabio Villas Bôas, diretor-técnico da Tecnisa.
 
“Para nós, é muito importante que a aprovação saia neste ano, para que o mercado enxergue que não era por falta de demanda que não começamos as vendas.” Caso não seja liberado logo pela prefeitura, o Jardim das Perdizes cria um buraco de R$ 500 milhões nas receitas da Tecnisa, o que representa 35% de sua meta de lançamentos para 2012. A empresa começou o ano indicando ao mercado que teria R$ 2,2 bilhões em VGV, sem incluir o novo bairro. Depois, passou a acrescentar o projeto a essa meta. Em agosto, uma nova revisão reduziu a projeção para R$ 1,4 bilhão. Sem o Jardim das Perdizes, sobrarão apenas R$ 900 milhões em lançamentos.
 
“A redução deve-se basicamente à morosidade da aprovação de projetos”, disse Nigri a investidores. “Em alguns projetos já aprovados, o mercado não se mostrou satisfatório para lançarmos imediatamente.” Essa indefinição impactou negativamente as ações da empresa. Neste ano, as ações caíram 3,5%. Em comparação, o índice de empresas de construção da BM&FBovespa subiu 18% no mesmo período. “A Tecnisa é uma das construtoras que cresceram bastante nos últimos anos, mudaram de patamar muito rápido e agora estão com problemas”, diz Wesley Barnabé, analista do BB Investimentos.

(Isto é Dinheiro)

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