Expansão econômica força interiorização de cimenteiras

A interiorização é um marco da nova onda de investimentos na indústria cimenteira do país. Para atender a expansão da demanda no Nordeste e Norte, as empresas levaram novas fábricas para próximo das novas fronteiras de consumo. Um exemplo é Rondônia: na capital Porto Velho, a Votorantim instalou uma fábrica para suprir a necessidade das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, e depois continuar abastecendo o mercado local. "O cimento para Rondônia era levado de nossa fábrica de Nobres (MT), distante 1,4 mil km", informa Walter Schalka, da Votorantim Cimentos.

Um item fundamental nesse mercado é o frete. Quanto mais distante, mais ele pesa no preço final do cimento, que sai da fábrica, com impostos, valendo entre R$ 14 e R$ 16 o saco de 50 quilos. Para o executivo, a capilarização da oferta vai reduzir muito o custo de distribuição do produto.

O controle sobre o preço praticado nas lojas é difícil. Depende muito da margem de ganho praticada pelos varejistas. Em junho, conforme dados da Fundação Getúlio Vargas, o preço variava de R$ 18,18 no Distrito Federal a R$ 28,50 no Ceará. No Amazonas era R$ 27,18; no Maranhão, R$ 25; em Pernambuco, R$ 22; em Mato Grosso e São Paulo, R$ 24, e no Rio de Janeiro, R$ 26,50. Na região Sul, girava em torno de R$ 19.

Pela lista de projetos anunciados desde 2007, a região Norte foi contemplada com mais de 5 milhões de toneladas de nova oferta. "Com a fábrica de Xambioá, em Tocantins vamos atender o mercado do norte do Estado e também a demanda do sul do Pará e Maranhão e o Piauí", diz Schalka.

No Nordeste, onde o consumo cresceu 7% no ano passado, enquanto em outras regiões ficou estagnado por conta da crise, a oferta adicional com novas fábricas e expansões das atuais vai além de 8 milhões de toneladas.

Humberto Farias, presidente da Camargo Corrêa Cimentos no Brasil, diz que o amplo território do país é um dos problemas que o setor enfrenta. O outro é a logística. "Na ferrovia, que tem custo mais em conta, temos a concorrência do minério de ferro, aço, grãos e outros bens industriais. A participação do cimento escoado via trilhos caiu de 13,9 % em 1989 para 5,2% no ano passado. A rodovia fica com 94% do total. Nos EUA, 48% vão por meio da ferrovia", afirma.

(Valor)

 

 

 

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