Fibria estuda ingressar no segmento de bioenergia

A exemplo de sua principal concorrente, a Suzano Papel e Celulose, empresa estuda ingressar em áreas complementares à sua atividade.

O novo presidente da Fibria, Marcelo Castelli, afirmou que a companhia estuda ingressar em áreas complementares à atividade de produção de celulose. Uma das oportunidades em vista é o segmento de bioenergia, a exemplo de sua principal concorrente, a Suzano Papel e Celulose. "De forma complementar estudamos a produção de pellets, a produção de biocombustíveis e a geração de bioenergia", afirmou o executivo.

Embora demonstre interesse em outras formas de aproveitamento do eucalipto, o executivo disse que não há decisão tomada até o momento. Ele citou, como exemplo, a possibilidade da Fibria ingressar no mercado de pellets. De acordo com Castelli, a companhia tem sido procurada por outras empresas para que ingresse nesse segmento. Contudo, a visão da Fibria é de que esse mercado ainda não está suficientemente maduro, fortemente dependente de subsídios dos governos, especialmente na Europa. "Esse é o momento de analisar, mas talvez não de entrar. O mercado precisa se tornar um pouco mais regulado", explicou.

Caso opte por ingressar no mercado de bioenergia, a companhia já dispõe, inclusive, de uma base florestal que poderia ser usada para esta finalidade. Trata-se do projeto Losango, localizado no Rio Grande do Sul, que já tem 58 mil hectares de eucaliptos plantados em uma área total pouco superior a 100 mil hectares.

Segundo Castelli, inicialmente esse projeto seria vendido pela companhia dentro de processo de reestruturação após a fusão entre VCP e Aracruz, que resultou na Fibria. Porém, diante da procura do mercado por bioenergia, a estratégia de venda pode ser descartada. "A decisão estratégica sobre o ativo será tomada em setembro deste ano. Temos intenção de vender o ativo, mas antes de perseguir isso, vamos perseguir a geração de caixa", afirmou, cogitando que a companhia pode fazer parcerias no segmento de bioenergia. Castelli descartou, porém, a possibilidade da Fibria se associar a Suzano para investir em bioenergia.

Três Lagoas

Castelli disse que a companhia ainda mantém para o final de 2014 a entrada em operação do projeto de expansão da unidade de Três Lagoas (MS). Recentemente a Suzano Papel e Celulose postergou a entrada em operação de duas fábricas no Maranhão e Piauí em ração da perspectiva de uma conjuntura mais adversa de mercado. "Até agora não decidimos mudar a data. Temos que estar preparados com a base florestal para entrarmos em operação em 2014", disse ele, durante entrevista coletiva realizada sexta (01).

Embora mantenha o cronograma de expansão da unidade, o executivo afirmou que a companhia continuará acompanhando o comportamento do mercado ao longo dos próximos meses. Castelli disse que o momento decisivo para determinar a manutenção ou não da data de inauguração do projeto, em setembro de 2014, será o evento de assinatura da compra dos equipamentos para a construção da unidade. "Pelo nosso cronograma a compra dos equipamentos está prevista para setembro de 2012. A partir disso, a decisão de investimento já estará tomada", disse o executivo.

Hoje, o projeto de expansão da unidade de Três Lagoas está em processo de licenciamento ambiental. A expectativa da companhia é de que as licenças ambientais sejam obtidas ainda neste ano. A capacidade instalada atual da fábrica é de 1,3 milhão de toneladas por ano. O projeto de expansão irá adicionar mais 1,7 milhão de toneladas, porém, Castelli afirmou que a unidade deverá produzir 1,5 milhão de toneladas adicionais. O investimento estimado na área industrial e na base florestal é estimado em R$ 5 bilhões.

Ao entrar no final de 2014, a expansão de Três Lagoas ingressará no mercado em um momento de baixa dos preços da celulose na avaliação de Castelli. "Entre 2014 e 2015 o mercado deve estar em um ciclo de baixa. Contudo, vamos entrar em um cenário que os preços estarão em recuperação", disse o executivo, que não acredita que o preço da tonelada da celulose fique na faixa de US$ 300 a US$ 400 nesse período. "Ninguém vai trabalhar para operar no prejuízo", afirmou.

(Wellington Bahnemann l Agência Estado)

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