Fiesp prevê estagnação para a indústria de transformação em 2012

Os esforços do governo para reativar a indústria de transformação não serão capazes de promover novo ciclo de crescimento no setor ainda neste ano. A avaliação é do diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, que estima estagnação tanto na indústria de transformação paulista quanto na nacional em 2012.
 
“Ainda estamos sendo otimistas, acreditando que haverá um crescimento capaz de anular a retração que já temos”, afirmou nesta quinta-feira, referindo-se ao Indicador de Nível de Atividade (INA), que mede o desempenho da indústria de transformação de São Paulo.
 
O indicador apontou queda de 6,1% na atividade industrial paulista no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Nos 12 meses encerrados em março, o recuo foi de 1,8%.
 
Depois de ensaiar recuperação em fevereiro, quando o setor cresceu 1,8% em relação a janeiro, a indústria de transformação paulista voltou a se contrair, recuando 0,5% em março, frente ao mês anterior, descontados os efeitos sazonais.
 
“Só deveremos ver melhora no começo do segundo semestre. Há vários fatores que favorecem uma recuperação da indústria, mas os efeitos não são imediatos”, disse Francini, citando como exemplo a redução na taxa básica de juros (Selic), a valorização do real ante o dólar e a pressão para queda do spread bancário.
 
Quanto à tributação, Francini esperava ações mais contundentes por parte do governo. “Parece egoísmo, mas o ideal seria tirar a tributação da indústria e transferir para outros setores.” Segundo ele, a desoneração da folha de pagamentos, que abrange 15 setores industriais, deveria ser mais ampla e forte. “Isso seria mais efetivo no curto prazo, mas não representaria a solução de todos os problemas. Não existe milagre e sabemos disso. Reconhecemos que o que está sendo feito pelo governo Dilma Rousseff não seria feito pelo governo anterior.”
 
Pelos cálculos da Fiesp, a economia brasileira crescerá 2,6% em 2012, com a indústria geral se expandindo 1,4% no período. No primeiro trimestre deste ano, a estimativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha aumentado 0,7% em relação ao quarto trimestre de 2011.
 
Estagnação em todos os setores
 
A estagnação da indústria de transformação de São Paulo abrange todos os setores, segundo Paulo Francini. “Não há um setor com desempenho melhor ou pior que a média. A indústria está parada, sem que se destaquem setores que puxem o conjunto para cima ou para baixo.”
 
O diretor da Fiesp ressaltou que em crises anteriores era possível perceber um ou outro segmento que dava fôlego à indústria, o que não acontece desta vez. “Nem mesmo a indústria automobilística tem tido um bom resultado.”
 
A indústria automobilística, embora tenha avançado 5,9% entre fevereiro e o mês passado, acumula queda de 4,4% nos 12 meses encerrados em março. Neste período, a indústria de transformação paulista se contraiu 1,8%.

(Francine De Lorenzo | Valor)
 

+ posts

Share this post