Fox amplia investimento no Brasil

O Brasil vai ganhar mais destaque na estratégia de investimento da Fox Latin America Channels nos próximos meses. Além de lançar um novo canal no país, a empresa pretende aumentar o número de funcionários do escritório local e reforçar a produção de programas em português.

"O país representa 40% do faturamento da empresa na região e tem um potencial de crescimento muito forte", diz Gustavo Leme, vice-presidente da companhia no Brasil, sem revelar o valor total da receita.

Segundo Leme, o mercado brasileiro é o segundo mais importante para a unidade de canais de TV da Fox fora dos Estados Unidos, a Fox International Channels. A Itália, onde está o centro das atividades da companhia na Europa, é o primeiro.

A Fox distribui 12 canais no Brasil, incluindo Fox, National Geographic, Studio Universal, Syfy, NatGeo Wild e Fox/NatGeo, os dois últimos em alta definição. A partir de 1º de março, a lista ganha o reforço do BemSimples. O canal, com programação 24 horas em língua portuguesa, trará dicas nas áreas de culinária, decoração, saúde e beleza, educação dos filhos e artesanato.

O escritório local conta com 50 funcionários. Segundo Leme, a projeção é chegar a 75 até o fim do ano. A companhia já está em busca de um novo endereço para acomodar toda a equipe. "Precisamos de um espaço que suporte o crescimento atual e também futuro", diz o executivo.

Boa parte das novas contratações que a Fox fará este ano será de profissionais que trabalharão na criação de vinhetas e material visual para os canais. A ideia é trazer para o Brasil um trabalho que hoje é feito na Argentina. Para Leme, a medida dará mais autonomia à operação brasileira.

Na lista de novas contratações está a de um executivo que ficará responsável pela produção de conteúdo para os canais Fox no Brasil. A ideia é contratar um profissional com experiência em televisão para ajudar a empresa no relacionamento com produtoras locais. A companhia já rodou no país alguns documentários para o National Geographic, além da série policial "9mm", que foi ao ar entre 2008 e 2009 no canal Fox.

Para conquistar o telespectador e atrair mais anunciantes, a companhia pretende ampliar esse investimento. O primeiro grande projeto é o BemSimples. De acordo com Leme, o canal terá programas capazes de atrair o interesse de homens e mulheres de todas as classes sociais. Com a produção local, será possível incrementar os ganhos com publicidade. "Podemos criar formas diferentes de anunciar um produto", diz o executivo.

Parte do conteúdo do BemSimples já era exibido como um bloco de 12 horas na grade do canal Fox Life desde janeiro de 2010. Segundo Leme, o projeto inicial era lançar o BemSimples no ano passado, mas não houve tempo hábil para incluir o canal nas renegociações de contrato com as operadoras.

A programação parece ter agradado os telespectadores. "Desde que o BemSimples entrou no ar, a audiência do Fox Life dobrou", conta Leme. Com a expectativa de que o público migre para o canal novo, a Fox prevê uma reformulação no Fox Life. Além de um novo visual, o canal ganhará séries, filmes, "reality shows" e programas de comportamento.

Leme diz acreditar que o BemSimples entrará na grade de operadoras de TV por assinatura de pequeno porte a partir de abril. A negociação com as grandes empresas do setor está em curso.

A produção do conteúdo será feita com recursos próprios da Fox. Segundo Leme, as linhas públicas de apoio à criação de conteúdo no Brasil serão usadas para financiar documentários e séries. A National Geographic tem dois programas novos em produção.

O interesse de estúdios estrangeiros em criar conteúdo em língua portuguesa feito no Brasil aumentou por conta da expansão da base de assinantes de TV paga no país. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), entre 2006 e 2010 o número de clientes do serviço passou de 4,5 milhões para 9,7 milhões.

O crescimento tem se dado, principalmente, entre as classes de menor renda: uma pesquisa do instituto Data Popular indica que a classe C representa 43% desse mercado e a classe D, 7%. A classe A aparece com 24% e a B detém 26% do mercado de TV por assinatura. A pesquisa revela também que, entre as pessoas que pretendem adquirir o serviço, 65% são da classe C.

"Esses números por si só já são impulsionam o investimento. Não é necessário nenhuma lei que obrigue que isso seja feito", diz o executivo, referindo-se à criação de uma política de cotas de produção local, prevista no Projeto de Lei da Câmara 116, que tramita no Senado Federal.

Para Leme, a obrigação de ter um percentual da programação feito localmente, além de um número estipulado de canais brasileiros nos pacotes de TV paga, levará a um aumento nos preços do serviço.

(Gustavo Brigatto l Valor)

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