Fundação IFRS tenta convencer SEC a mudar padrão contábil dos EUA

A área técnica da Fundação IFRS, que faz parte do grupo de entidades responsáveis pelo padrão internacional de contabilidade, usado no Brasil desde 2010, divulgou hoje um extenso documento em resposta ao relatório elaborado pela área técnica da Securities and Exchange Commission (SEC), sobre adoção ou não do IFRS nos Estados Unidos.
 
No documento, a Fundação IFRS comenta detalhadamente cada ponto de atenção ou questionamento apresentado no trabalho da SEC. Em linhas gerais, o órgão internacional tenta minimizar os temores e preocupações apresentados pelos americanos.
 
Ao avaliar a conveniência de se abandonar o US Gaap em favor do IFRS, os técnicos da SEC citaram questões como possibilidade de fiscalização do cumprimento dos padrões contábeis globalmente, dificuldades no modelo de transição, nível de compreensão dos investidores sobre as novas regras e a relação entre custo e benefício do processo.
 
No texto divulgado hoje, a Fundação IFRS usa exemplos bem-sucedidos no processo de transição, citando o caso do Brasil por algumas vezes, para tentar convencer os reguladores americanos de que mudar o padrão contábil pode ser difícil, mas é algo já experimentado por diversas jurisdições. Ou seja, está longe de ser um bicho de sete cabeças.
 
O documento cita também exemplos do Canadá, Coreia do Sul e do Brasil para mostrar que o custo para as empresas não teria sido tão relevante, tendo ficado, na maior parte dos casos, em valores inferiores a US$ 1 milhão.
 
Em relação à fiscalização e também à aplicação divergente dos princípios contábeis por diferentes países ou empresas de um setor, a Fundação IFRS entende que, à medida em que a SEC se decidir pelo padrão internacional, ela mesma poderá ajudar na solução desses problemas. Tanto pela atuação direta em relação às empresas registradas nos EUA como também pelo exemplo para outros reguladores e companhias do mundo.
 
A Fundação IFRS entende também que a entrada dos Estados Unidos no padrão internacional ajudaria a resolver outro problema apontado pelos americanos, que é a estrutura de financiamento do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), que depende de doações para se manter.
 
Isso porque ficaria mais fácil de levantar recursos nos EUA para custear os trabalhos do órgão, que é a entidade técnica responsável pela edição dos pronunciamentos contábeis.
 
A SEC havia prometido divulgar uma decisão final sobre a adoção do IFRS nos EUA até o fim do ano passado.
 
O anúncio chegou a ser adiado para meados deste ano e, na situação atual, não há nenhuma data prevista para que saia uma decisão sobre o assunto.
 
Pessoas que acompanham o processo garantem que não haverá novidade antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

(Fernando Torres | Valor)

+ posts

Share this post