Fundo de Bañuelos negocia compra de 14% da Brasil Ecodiesel

São Paulo – O fundo Arion Capital, que tem como principal investidor o espanhol Enrique Bañuelos, negocia a compra de 14,2% de participação na Brasil Ecodiesel, empresa brasileira de produção de biodiesel. Esta é a fatia que hoje está nas mãos dos bancos Bradesco, Fibra, Fator e BMG.

Em agosto de 2009, os quatro bancos concordaram em converter dívidas de 72 milhões de reais em ações do fundo Neo Biodiesel, criado como parte do plano de reestruturação da empresa. Por contrato, os bancos tinham de manter a participação na companhia por pelo menos um ano. O prazo, no entanto, expirou no mês passado.

Segundo apurou EXAME, o conselho de administração da companhia promove uma reunião extraordinária, na qual será discutido o novo arranjo societário da companhia. A Brasil Ecodiesel afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que desconhece qualquer negociação em curso e que haja encontro agendado entre seus conselheiros. Procurados, a Arion Capital e o fundo Neo Biodiesel não quiseram comentar a notícia.

Estratégia

A compra das ações da Brasil Ecodiesel seria apenas o primeiro passo de uma transação maior que a Arion Capital pretende realizar. A ideia do fundo é usar as fazendas e os equipamentos da Brasil Ecodiesel, especialmente as esmagadoras de grãos, para encorpar os ativos da Maeda, uma das maiores produtoras de algodão e grãos do país, comprada pela Arion Capital em maio deste ano.

A nova empresa seria então vendida a um investidor estrangeiro. Para realizar a operação, a Arion dependerá também do aval do empresário Silvio Tini de Araújo, que possui cerca de 10% de participação na Brasil Ecodiesel, por meio da Bonsucex Holding, e dois dos seis assentos no conselho de administração da companhia. Caso não concorde com os termos, ele pode impedir a incorporação da Brasil Ecodiesel pela Maeda e inviabilizar o negócio no futuro.

Segundo fontes próximas às negociações, no entanto, há grandes chances de o acordo sair. Os acionistas já estariam convencidos de que, mesmo com a reestruturação financeira promovida no ano passado, a Brasil Ecodiesel não conseguirá se reerguer. Em fevereiro deste ano, a empresa já havia decidido colocar à venda quase todas as suas fazendas, preservando apenas uma na Bahia. E duas de suas seis usinas já se encontravam desativadas há quase dois anos.

Há duas semanas, o presidente, Mauro Cerchiari, e o diretor de relações com investidores, Charles Mann, foram demitidos. O então CFO da empresa, Eduardo de Come, passou a ocupar interinamente as duas posições.

Aposta errada

Criada para ser uma gigante do biodiesel, a Brasil Ecodiesel beneficiou-se da euforia do mercado com as produtoras de biocombustíveis para atrair investidores em sua abertura de capital, realizada em 2003. A empresa, porém, nunca deu o retorno esperado.

A aposta no uso da mamona como matéria-prima não vingou e a empresa ficou refém da compra de óleo de soja para sustentar sua produção. Com a crise internacional, o preço da soja disparou e a empresa passou a ter sucessivos prejuízos na produção. Nos últimos trimestres, apesar de ter conseguido dar um pequeno lucro, já havia ficado claro que o modelo de negócio não era mais sustentável, já que a empresa permaneceria dependente dos produtores de óleo de soja e de conseguir bons resultados nos leilões.

(Renata Agostini | Portal Exame)

 

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