Fundos de private equity trocam Brasil pela África

O Brasil despencou para a sexta posição em um ranking de atração de investimento que acaba de ser concluído pela Empea

O Brasil já não é mais o país preferido de investidores institucionais, como fundos de private equity (especializados em comprar participação em empresas) e fundos de pensão para aplicar seus recursos.

O País despencou para a sexta posição em um ranking de atração de investimento que acaba de ser concluído pela Empea, uma associação com sede em Washington formada por 320 fundos e gestoras que aplicam em países emergentes e administram US$ 1 trilhão em recursos.

Em 2011, o Brasil ficou em primeiro lugar no levantamento anual da Empea sobre os países mais atrativos para se investir. Em 2012, caiu para o segundo lugar. Neste ano, passou para a sexta posição.

Os países da África Subsaariana, que ocupavam o quinto lugar no ano passado, viraram agora os queridinhos dos investidores institucionais e aparecem no topo do ranking.

A diretora sênior da Empea, Nadiya Satyamurthy, diz que, apesar de não estar mais no topo do ranking, o Brasil ainda é um destino importante para os fundos de private equity e outros investidores institucionais, como seguradoras, fundos de pensão e empresas de gestão de fortuna.

Segundo ela, 40% dos gestores entrevistados na pesquisa planejam iniciar novos investimentos no Brasil ou expandir os atuais projetos nos próximos dois anos. Só 2% dos entrevistados afirmaram que planejam reduzir ou parar com suas apostas no mercado brasileiro.

“O interesse maior pela África agora é visto mais como uma forma de diversificar os investimentos”, explicou Nadiya ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Ao todo, 54% dos gestores planejam aumentar ou iniciar investimento no continente africano.

Na pesquisa, os investidores apontam alguns motivos que levaram o Brasil a deixar de ser um dos países mais atrativos para investimento. Aumento da competição de fundos no mercado brasileiro, preços altos dos ativos e risco político são os três principais.

Já a África é citada como uma região com perspectiva de crescimento econômico acelerado e de maiores retornos, embora com maior instabilidade política.

Brics

O Brasil não é o único grande país emergente a perder posições no ranking, mas foi o que teve a queda mais acentuada em 2013. Este foi o primeiro ano, desde que a associação começou a fazer o ranking, há nove anos, que nenhum país da sigla Brics (Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul) ficou nas três primeiras posições.

Antes de o Brasil ser o líder, a China era a preferida e este ano, o país caiu para a quarta posição. O segundo lugar no levantamento é ocupado por países do Sudeste Asiático e o terceiro por América Latina, excluindo o Brasil. A Turquia também vem ganhando posições, passando do sétimo lugar para a quinta posição. Já a Índia despencou para a nona posição.

Os mercados emergentes devem continuar oferecendo maiores retornos do que os países do primeiro mundo. Dos entrevistados, 61% esperam rentabilidade líquida anual acima de 16% nos emergentes.

O Brasil, porém, é considerado um mercado caro: 26% dos gestores disseram que os preços dos ativos no País estão altos e que preferem aplicar em outros mercados da América Latina.

O encarecimento dos ativos é reflexo do aumento da competição dos fundos no mercado brasileiro. Hoje, segundo dados da Abvcap, os fundos de private equity tem aproximadamente R$ 83 bilhões em capital comprometido no País.

(Altamiro Silva Júnior | Exame)

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