Fusão Pão de Açúcar-Carrefour traria ganhos de R$ 1,7 bi ao ano

Ao mesmo tempo em que pode resultar em ganhos de sinergia e escala, uma possível fusão das operações brasileiras do Carrefour com o grupo Pão de Açúcar, conforme publicou um jornal francês no domingo, exige considerações cuidadosas na visão do Bank of America Merrill Lynch.

Sem citar fontes, o Journal du Dimanche afirmou que o Carrefour está estudando a possibilidade de fundir sua unidade brasileira com o Pão de Açúcar. Analistas, no entanto, se mostraram céticos sobre a notícia.

"Considerações iniciais supõem uma transação de ações, no entanto, acreditamos que a preservação das ações em circulação do Pão de Açúcar e uma combinação limitada dos ativos brasileiros e latino-americanos são alternativas mais viáveis", afirmam os analistas do Bank of America Merrill Lynch em relatório.

Na análise do banco, uma eventual fusão significaria um ganho de 400 pontos-básicos em vendas líquidas, ou cerca de R$ 1,7 bilhão ao ano, após ajustes fiscais e captura de sinergias.

"A estrutura também poderia resultar em ganhos fiscais decorrentes da fusão que podem superar R$ 15 bilhões", acrescentam.

Os analistas observam ainda que as operações de supermercados do Pão de Açúcar, a penetração na cidade de São Paulo e a liderança no setor deixam a maior varejista do país bem posicionada para se unir a uma rival de grande porte.

Na avaliação de especialistas, um acordo do tipo levantaria questões de concorrência e provavelmente receberia oposição do grupo francês Casino, rival do Carrefour e dono de 35% do Grupo Pão de Açúcar.

Uma possível fusão levaria Pão de Açúcar e Carrefour a responderem, juntos, por quase 28% do setor supermercadista brasileiro. O Wal-Mart, atualmente, ocupa a terceira posição no país, com 11,2% do mercado.

O Dimanche publicou sem citar fontes que o Carrefour, maior varejista da Europa, tinha dado mandato para o banco de investimento Lazard estudar uma transação que poderia envolver a família controladora do Pão de Açúcar assumindo uma participação no Carrefour.

"Abílio Diniz poderia assumir um assento no Carrefour, que está enfrentando dificuldades", publicou o jornal, acrescentando que qualquer transação precisaria da aprovação do Casino.

"Esta é a primeira vez que ouvimos tal plano no Brasil e sem fontes citadas pelo jornal preferimos ficar cautelosos sobre isso", disseram analistas do Espírito Santo em relatório.

"Isso porque o Casino detém quase 35% de participação no grupo Pão de Açúcar e certamente teria algo a dizer sobre uma fusão. Além disso, a empresa combinada teria uma participação no varejo de alimentos de cerca de 30% no Brasil, o que poderia fazer autoridades regulatórias se manifestarem também", acrescentaram.

Representantes do Pão de Açúcar, do Carrefour e do Casino não comentaram o assunto nesta segunda-feira.

(Reuters)

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