Fusões e aquisições movimentam área de TI

As operações de fusão e aquisição de empresas de tecnologia da informação (TI) no Brasil chegaram a 33 no primeiro semestre. O setor foi o mais movimentado em número de negócios, ao lado da indústria de alimentação. Cada um das áreas de atividade respondeu por 10% das operações totais no período.

Os negócios envolvendo empresas de TI no Brasil movimentaram US$ 150 milhões. O volume é relativamente modesto porque o setor é pulverizado e tem muitas empresas com gestão familiar, sem um grau mais alto de governança, justifica Eduardo Redes, sócio da área de transações da consultoria Ernst & Young, autora do levantamento. Os dados, porém, mostram que apesar dessas características, o setor tem sido um dos mais ativos na área de fusões e aquisições. "Existe um processo de profissionalização [das companhias de TI", diz Redes.

Em todo o mundo, a Ernst & Young registrou 1256 operações de fusão e aquisição de TI anunciadas no primeiro semestre. O valor total movimentado foi de US$ 42,9 bilhões. No mesmo período do ano passado, os números tinham sido de 845 negócios e US$ 28,16 bilhões movimentados.

A maior parte dos negócios concentrou-se no segundo trimestre. No período, foram registradas grandes operações como a compra da americana Sybase pela SAP, de origem alemã, e a transação envolvendo a brasileira Tivit, adquirida pelo fundo inglês Apax. Se negócios como esses encabeçaram a lista de valores pagos, em número de operações prevaleceram as transações de pequeno porte, celebradas principalmente com o objetivo de buscar proteção contra os efeitos da crise econômica, afirma Redes.

No Brasil, onde o cenário é muito melhor do que em lugares como Estados Unidos e países da Europa Ocidental, as empresas de TI têm buscado se unir para ganhar escala e aproveitar as oportunidades de mercado. Uma pesquisa da Ernst & Young constatou que 60% dos empresários brasileiros de todos os setores da economia pretendem expandir seus negócios por meio de aquisições. Isso está acima da média mundial, que fica entre 40% e 45%. A ideia é ganhar força para aproveitar a aceleração da economia e o ganho de renda da população.

Segundo Redes, outros dois fatores influenciam o movimento na área de TI. O primeiro é o aumento dos gastos do governo na área. O segundo é a fusão entre companhias de outros setores. Esse movimento cria clientes com exigências maiores em relação à demanda e à variedade de produtos. Para atender a clientes cada vez maiores, e com mais poder de negociação, muitos fornecedores de TI acabam buscando eles mesmos o caminho das fusões e aquisições.

Seguindo essa tendência, afirma Redes, a perspectiva é de que o segundo semestre seja ainda mais movimentado que o primeiro na área de TI.

(Gustavo Brigatto | Valor)
 
 

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