Gestora suíça quer ampliar presença no Brasil

A "legião estrangeira" de gestoras de fundos de "private equity" – que compram participações em empresas – ganhou mais uma integrante. Com US$ 34 bilhões em ativos, a firma suíça Partners Group decidiu ampliar os investimentos no Brasil.
 
Depois de instalar um escritório local, a gestora tem planos de alocar entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões por ano no país, afirmou ao Valor Urs Wietlisbach, cofundador e atual vice-presidente do conselho da Partners. Empresa de capital aberto na Suíça, a gestora possui atuação focada nos mercados privados, que inclui, além da compra de participações em empresas, investimentos na área imobiliária, dívida corporativa e infraestrutura.
 
A Partners já tem um histórico de investimentos no Brasil. No total, foram cerca de US$ 450 milhões, tanto em fundos de gestoras como Pátria Investimentos e Vinci, como de aportes diretos em empresas em parceria com fundos locais, como a fabricante de relógios Technos, que abriu o capital na Bovespa em 2011, e a Casadoce, da área de alimentos.
 
Com a unidade local, comandada por Bernardo Remy, a ideia é aumentar a exposição no país. Além de aportes diretos, a firma também é especializada em adquirir cotas de fundos de outros investidores no mercado secundário.
 
Em uma segunda fase, a Partners pretende captar recursos de grandes investidores institucionais brasileiros, como fundos de pensão e seguradoras, para investir no exterior. Wietlisbach sabe, porém, que este é um trabalho de longo prazo, dada a resistência desse tipo de investidor em aplicar fora do país. No momento, a firma tem como clientes locais apenas gestores de fortunas de famílias ("family offices").
 
Embora acredite que o investimento no exterior seja uma tendência praticamente inevitável, o executivo avalia que ainda existem muitas oportunidades no mercado nacional. Ele discorda da tese de que o Brasil esteja "caro" após o grande fluxo de entrada de recursos para o país nos últimos anos.
 
"Talvez esteja mais caro do que de costume, mas os preços dos ativos estão em linha em relação aos mercados internacionais", compara Wietlisbach, que vê sinais de sobreaquecimento em países como a China.
 
A Partners vê no Brasil um cenário propício para a atuação dos fundos de private equity, com uma economia em crescimento e uma grande quantidade de empresas de médio porte e em setores ainda não consolidados, muitas delas de controle familiar. "Nós já vivemos essa história na Europa", diz.
 
Apesar de otimista, o executivo da Partners Group encara com preocupação alguns pontos em relação à economia brasileira, como a carência de infraestrutura no país, que pode comprometer um ritmo de crescimento econômico mais acelerado sem trazer pressão inflacionária.

(Vinícius Pinheiro | Valor)
 

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