Gradual tenta mudar mix de receitas

Com a entrada de novos sócios, a Gradual Investimentos tem como objetivo deixar de ser conhecida apenas pela área de corretagem para ganhar espaço no mercado como butique de investimento. A empresa, comandada por Fernanda de Lima, anunciou na sexta-feira a entrada dos sócios Luiz Cezar Fernandes e Dennis Rodrigues.

A operação marca a volta de Fernandes ao mercado financeiro depois de uma tentativa frustrada de comprar o Dresdner Bank no país. Um dos fundadores do Garantia e do Pactual, o executivo, recentemente nomeado novo presidente da Laep, cuidará da área de fusões e aquisições. Já Rodrigues, atual sócio de uma empresa de desenvolvimento de soluções para o mercado financeiro, chega para estruturar uma companhia de tecnologia.
 
Segundo Fernanda, a área de corretagem ainda responde por cerca de 80% das receitas da empresa, mas a ideia é aumentar a participação das áreas de gestão e de assessoria financeira.
 
Hoje a Gradual tem R$ 1,8 bilhão sob administração, a maior parte em produtos estruturados como Fundos de Investimento em Direito Creditório (FIDCs) e fundos imobiliários. A gestora ainda distribui carteiras próprias, o que inclui os portfólios que estavam sob gestão da Empiricus, que foram incorporados pela Gradual, como o Galleas Legacy Dividendos. "Estamos analisando o lançamento de um fundo de alta frequência, que já estava em estudo pelo equipe da Empiricus", diz Fernanda.
 
A área de operações de alta frequência é outro alvo da Gradual. Para cuidar desse segmento será criada uma empresa de tecnologia à parte, voltada para atender clientes institucionais como fundos e tesourarias. "Hoje essas operação são responsáveis por cerca de 70% do volume transacionado nos Estados Unidos e têm muito espaço para crescer no Brasil", destaca Fernanda.
 
Sócio da Red Kite Americas, empresa americana especializada no desenvolvimento de soluções de tecnologia para o mercado financeiro, Dennis Rodrigues também atuou como responsável pela área de mercados emergentes do Lehman Brothers.
 
Os clientes institucionais respondem atualmente por 60% das transações da corretora, sendo o restante movimentado por investidores pessoas físicas. "O lançamento de um ”home broker” proprietário, que permite operar com alavancagem, ajudou a atrair mais investidores", conta Fernanda.
 
A diversificação das operações tem sido adotada pelas corretoras para aumentar as receitas que tiveram forte impacto com a queda do volume de operações na bolsa no ano passado, quando o Ibovespa caiu mais de 18% e muito investidores pessoas físicas saíram da bolsa.
 
A Gradual fechou 2011 com prejuízo de R$ 7,319 milhões. O resultado sofreu, em parte, impacto da queda nas receitas com prestação de serviço, que caíram 6,3%, indo a R$ 38,442 milhões.

(Silvia Rosa e Thais Folego | Valor)

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