Grant Thornton contra-ataca para se consolidar em auditoria

Empresa dá início à negociação de uma fusão e quer atrair clientes de concorrentes sem guerra de preço.

A disputa pela quinta posição do mercado de auditoria começa a esquentar. Após a nova BDO, agora comandada pela RCS, ter anunciado que vai lutar para ser a queridinha das pequenas e médias empresas – e uma opção real às quatro líderes, conhecidas como "big four" – chegou a vez da Grant Thornton contra-atacar.

A empresa vai ampliar seu quadro de funcionários, dos atuais 600 para 720, e passou a auditar novos clientes, casos de Eucatex, CR2, Lojas Arapuã e Feniciapar. Com isso, pretende fechar o ano com faturamento de R$ 70 milhões, um volume 180% maior do que o registrado ao final de 2010.

Embora pretenda dividir melhor as receitas entre auditoria e serviços no futuro – para não ficar tão dependente da primeira -, o objetivo no momento é ganhar espaço atuando nessa atividade, explica Jobelino Locateli, presidente da Grant Thornton no país.

"Trouxemos profissionais experientes que atuavam na KPMG e na Deloitte e mudamos a área para um novo espaço, na avenida Paulista", conta, sobre a sede em São Paulo.

O executivo acredita que a chegada dos contratados, combinada à intenção de algumas empresas em buscar novos auditores externos, possa ser a receita ideal para ganhar clientes.

"É a melhor maneira de conseguir contratos. Não quero entrar em uma guerra de preços para crescer no mercado. Temos de trabalhar com valores uniformes, caso contrário fica complicado prestar o serviço de auditoria com qualidade", diz.

Para continuar ganhando corpo em auditoria, a Grant Thornton também voltou a pensar em aquisições.

O alvo é uma empresa com atuação nacional que traga novos clientes e também profissionais com capacitação necessária no novo modelo internacional de contabilidade, o International Financial Reporting Standards (IFRS).

As negociações para acertar a fusão, no entanto, estão apenas no início. "Uma de nossas maiores preocupações é conseguir um parceiro com os mesmos valores, para não dificultar a integração das equipes", afirma.

Nesse meio tempo, a empresa está preparando cinco companhias para a oferta inicial de ações na BM&F Bovespa.

Aposta na América Latina

Ampliar a atuação na América Latina, tendo o Brasil na liderança, é a principal aposta da Grant Thornton Internacional para dobrar de tamanho.

O objetivo é faturar US$ 8 bilhões até 2015, diz Javier Martinez, diretor da empresa para a região. "Há grandes oportunidades para participar de negócios no Brasil. As carências dos países latino-americanos são muito parecidas e têm muita relação com os problemas de infraestrutura."

A maior preocupação de governos e empresas com transparência de números também é interpretada como uma sinalização para ampliar a atividade de auditoria externa pela empresa, afirma Martinez.

Peru e Equador, países nos quais a empresa firmou recentes parcerias, também são mercados considerados relevantes.

(Luciano Feltrin l Brasil Econômico)

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