Grupo Ambipar muda nome e gestão para atrair investidores estratégicos

Na recepção, o letreiro com o nome da empresa ainda a ser atualizado e o movimento intenso de executivos entre as salas de reunião sob olhares do fundador Tercio Borlenghi são sinais de um grupo familiar tentando se transformar – ainda que aos poucos. Depois de anunciar a construção de um porto em Aracruz (ES), o grupo Ambipar – antigo Ambitec – quer profissionalizar a gestão para atrair investidores e se tornar líder no segmento de gestão de resíduos industriais.

Um dos encarregados em conduzir a nova etapa da empresa, o diretor administrativo financeiro André Luiz Oda conta que a empresa tem como objetivo alcançar um nível de estrutura de governança corporativa semelhante aos exigidos pela BM&FBovespa. "Com essa mudança, queremos fazer com que investidores se sintam mais atraídos pelo grupo", resume. Inicialmente, as gestoras de fundos de private equity são o principal foco para negociações. "A oferta inicial pública de ações não consta nos nossos planos, por enquanto. No futuro, se as condições forem favoráveis, podemos cogitar", diz. "Se a gente ganhasse um real a cada reunião que fizesse para as novas etapas, já poderíamos ter feito o IPO", brinca um diretor.

A política de realizar investimentos baseados em recursos próprios, inclusive o aplicado na primeira fase do porto em Aracruz, revela um perfil não expansionista da administração – o que está prestes a mudar. Os diretores querem que a empresa invista R$ 300 milhões para, inclusive, fazer aquisições. Quantia que virá da almejada captação feita com investidores. "Queremos, com isso, ser líderes no segmento de gestão de resíduos industriais", conta ele. A empresa também estuda a entrada no segmento de geração de energia a partir do lixo.

Inicialmente operando como uma transportadora (a Expresso G Borlenghi), desde 1929 o grupo expandiu as atividades e hoje oferece serviços focados em gestão ambiental para o setor industrial. O mais recente passo na diversificação ocorreu neste ano, quando o grupo decidiu investir no varejo e comprou parte da Descarte Certo. A empresa atua no recolhimento e destinação de produtos eletroeletrônicos, como celulares e notebooks, a pedido do consumidor.

"Quem poderia acreditar que as pessoas pagariam por esse serviço e que uma empresa ganharia dinheiro com isso? Parece que não, mas o consumidor tem uma consciência ambiental bastante avançada", diz Lucio Di Domenico, presidente e criador da empresa. A Descarte Certo extrai desses produtos metais como ferro, cobre e alumínio e dá uma destinação a cada componente. Em 2010, o faturamento ficou em R$ 600 mil – o objetivo é alcançar R$ 2,5 milhões nos próximos anos.

Além de serviços ambientais e de destinação de resíduos, o grupo Ambipar atua em transportes, logística e distribuição com a Getel. Há ainda seis empresas sob seu guarda-chuva: Ambitec, Brasil Ambiental, Nutrigás, Nutripetro, Planeta Ambiental e Ambitec Angola – que oferece serviços ambientais a clientes públicos e privados no país africano.

Sediado em São Paulo e com a maioria das operações no Espírito Santo, o faturamento de 2010 chegou a R$ 300 milhões, diz Oda. Para os próximos anos, ele estima expansão anual de 30%.

(Fábio Pupo l Exame)

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