IMC pode abrir caminho para outras empresas

A Internacional Meal Company (IMC), holding dona das redes de restaurantes e lanchonetes Viena e Frango Assado, poderá pavimentar o caminho rumo a uma importante fonte de recursos para outras empresas do segmento de refeições fora de casa, caso consiga abrir capital nos próximos meses. A empresa, controlada pelo grupo de private equity Advent, aguarda o resultado da avaliação do pedido de oferta primária e secundária de ações, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no último dia 17. O processo de análise não tem prazo para ser concluída. "Esta operação está sendo amplamente acompanhada tanto por investidores, quanto por empresários do ramo" afirmou o diretor da ECD Consultoria em Food Service, Enzo Donna.

Esta é a segunda vez que a IMC tenta entrar no mercado acionário brasileiro. Em fevereiro do ano passado, a holding cancelou a oferta de 50 milhões de ações ordinárias na Bovespa, atribuindo a decisão às incertezas econômicas no mercado financeiro brasileiro e internacional. Na época, a empresa informou que se concentraria na expansão orgânica do grupo, com abertura de lojas e reforma de unidades existentes com fontes de recursos alternativas.

"Na ocasião, a empresa entendeu a rejeição do mercado a seus papéis como uma mensagem para se reorganizar e voltar mais tarde", afirmou Donna, que prestou consultoria à IMC durante as formulações dos pedidos de oferta inicial de ações (IPO na sigla em inglês). Segundo ele, o processo de restruturação cobriu desde questões de mão de obra até problemas de logística e controle de gastos. Ele ressaltou que, só no último ano, a companhia abriu seis lojas da rede Frango Assado e 18 restaurantes Viena. "Hoje a empresa está mais enxuta e eficiente", completou.

Para Euchério Rodrigues, economista da Fundação Getúlio Vargas e Sócio da Metrika Consultoria, 2009 não foi o ano mais propício para uma empresa abrir capital, já que, no período, a bolsa passou por uma forte baixa, como reflexo da crise global. Na avaliação de Rodrigues, a companhia poderia ter sido seriamente prejudicada se tivesse levado adiante o plano de abrir capital naquele ano, porque o preço de suas ações teria sido contaminado pela tendência de queda do pregão. "O valor de papéis já existente serve como referência para o preço de novas ações", afirmou. "Isso faz com que o capital levantado via bolsa, em tempos de crise, se torne extremamente caro para qualquer companhia", completou.

TENDÊNCIA. Donna explicou que o mercado refeições for a de casa tem atraído a atenção de investidores porque vem atingindo expressivas taxas de crescimento. Só em 2010, o segmento movimentou R$ 181 bilhões e cresceu de 15% a 18% frente ao ano anterior. A expectativa é que, em 2011, o índice seja reduzido para perto dos 9%. Mesmo com a desaceleração, o consultor está otimista quanto ao futuro do setor. "Nem mesmo uma crise econômica deve desviá-lo da trajetória de expansão", afirmou.

Na avaliação de Donna, entrar na bolsa será uma tendência cada vez mais forte entre as empresas brasileiras do ramo. Ele disse acreditar que, ainda este ano, veremos outras companhias do segmento na Bovespa. "A exemplo do que já acontece em países como Estados Unidos, Alemanha e Japão, companhias nacionais começarão a consolidar sua presença no mercado acionário", disse. Sem citar nomes, o consultor garantiu que existem vários fundos de investimentos interessados em injetar recursos nestes negócios, com o objetivo de prepará-los para entrar na bolsa. "Os fundos estão de olho nos principais players", disse.

Segundo o consultor, o Brasil deve liderar o processo de abertura de capital na América Latina. Para Donna, as primeiras a ingressar na bolsa serão as redes de fast food e as franquias alimentícias. "A grande maioria destas empresas opera por meio de modelos de negócios bem definidos, o que pode ajudar a atrair investidores", frisou.

Nos Estados Unidos, onde gigantes como McDonalds e Burger King têm forte presença na bolsa, os papéis de companhias do setor passam por um período de recuperação. "Há alguns anos, estas ações começaram a despencar devido a uma política anti-obesidade", explicou. "Nos dois últimos anos, porém, eles retomaram a tendência de alta e a rentabilidade só não foi maior por causa da crise mundial."

(Maria Carolina Ferreira | Jornal do Commercio)

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