Infosys, da Índia, planeja instalar unidade de serviços em São Paulo

A indiana Infosys, especializada em prestação de serviços de tecnologia da informação (TI), vai expandir suas operações no Brasil. Puneet Gill, responsável pela operação no país, disse que a companhia está avaliando algumas localidades para a instalação de uma base em São Paulo.

A Infosys, atualmente a segunda maior companhia de TI da Índia – atrás apenas da Tata Consultancy Services (TCS) – chegou ao país há menos de um ano, com a abertura de um centro de prestação de serviços em Belo Horizonte. De lá para cá, foram injetados R$ 11 milhões na subsidiária, segundo dados de seu balanço financeiro.

"Temos uma postura mais conservadora em relação a alguns concorrentes", diz Ritesh Idnani, diretor de operações globais da Infosys. "O fato é que nós procuramos crescer com responsabilidade, sem por em risco a qualidade dos serviços."

Nesta semana, em sua primeira visita ao Brasil, Idnani falou com exclusividade ao Valor. Com 37 anos de idade, Idnani é hoje uma das principais lideranças da Infosys em todo o mundo. O Brasil, segundo o executivo, tem se destacado pela qualidade de mão de obra local e deverá ser o principal polo de prestação de serviços da companhia para a América Latina.

O prognóstico pode ser bom, mas depende do sucesso para fechar novos contratos no país ou com multinacionais estrangeiras que tenham presença local. Há um ano, o plano da Infosys era recrutar até 300 funcionários. Atualmente, a empresa conta com cerca de cem colaboradores. Até o fim de 2013, sua meta é ter uma atuação local com 2 mil profissionais.

Fundada em 1981, a Infosys conta hoje com a força global de 114 mil funcionários, mais de 65 escritórios distribuídos pelo mundo e 2 mil clientes. Em seu ano fiscal mais recente, encerrado em março, o faturamento atingiu US$ 4,8 bilhões. O maior salto da companhia foi dado nos últimos cinco anos, período em que mais que triplicou de tamanho. Em 2005, a Infosys teve receita de US$ 1,5 bilhão. Na época, contava com 36 mil colaboradores. O desempenho rendeu para a empresa a citação no ranking da revista Fortune como uma das 100 companhias de crescimento mais forte no mercado de serviços de TI em 2009.

O alto volume de contratações está diretamente atrelado ao principal negócio da empresa. A Infosys não tem fábricas de equipamentos. Seu negócio é montar estruturas para desenvolver sistemas, prestar suporte técnico e assumir operações administrativas de clientes. Entre seus maiores contratos no Brasil está um firmado recentemente com a Philips, para atender a companhia em toda a América Latina, nos idiomas português, inglês e espanhol.

A disputa pelo mercado brasileiro não é nada simples. Mais agressiva, a TCS, presente há sete anos no Brasil, conta com uma equipe de 1,2 mil funcionários no país. A lista de rivais indianos também inclui Satyam, Wipro e HCL Technologies, sem contar as gigantes americanas Accenture, EDS e IBM, cada uma delas com milhares de funcionários. Fora as concorrentes globais, é preciso encarar operações brasileiras como Tivit, Stefanini e Politec, todas elas com vasto conhecimento do mercado.

"Não temos razões para temer. Quando chegamos aos Estados Unidos éramos apenas algumas pessoas e hoje temos uma enorme operações naquele país", diz Idnani. Atualmente, 65% de toda a receita da Infosys vem do mercado americano. A América Latina não responde nem por 3% dos negócios globais. "Isso não significa que esse jogo não possa virar rapidamente", comenta o executivo. "Regiões da Ásia, que respondiam por algo como 2% dos negócios, em dois anos saltaram para 8% da participação. O Brasil é só uma questão de tempo."

(André Borges | Valor)

 

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