Integração entre LAN e TAM começa a ser preparada

Os trabalhos para preparar a integração das companhias chilena LAN e brasileira TAM começam hoje. Debaixo do guarda-chuva da Latam Airlines Group, cuja criação é estimada para ocorrer no segundo trimestre de 2011, estarão 11 empresas, que empregam mais de 40 mil funcionários.

O grupo executivo de integração será liderado, do lado brasileiro, por Egberto Vieira Lima, vice-presidente do conselho de administração da Multiplus, operadora do programa de fidelidade da TAM. A Bain & Co, que assessorou a família Amaro, controladora da TAM, a montar o "business plan" dos próximos cinco anos da Latam, também estará trabalhando no processo preparatório da integração. A Mckinsey, que já vinha trabalhando com a LAN, será a interlocutora do lado chileno.

"Esse grupo liderado por Lima vai se debruçar sobre todas as operações das duas companhias. Vão olhar as contabilidades, as centrais de reservas, os call centers, os sistemas de TI", disse o presidente e CEO da TAM S/A, Marco Antonio Bologna, que ontem à tarde falou ao Valor.

A meta é que no primeiro dia da Latam – cuja criação ainda depende de aprovação de autoridades regulatórias e de 95% dos acionistas minoritários da TAM – todas as suas unidades de negócios possam "conversar" entre si. Não será fácil, mas Bologna mostra bom humor. "Quando não nos entendermos nem em português nem em espanhol, sempre poderemos apelar para o inglês, a língua universal do setor de aviação", diz o executivo, que na Latam terá o cargo de CEO da TAM, subordinado a Enrique Cueto, o CEO da nova companhia. Ignacio Cueto, irmão de Enrique, será o interlocutor de Bologna na LAN.

Uma das principais tarefas de Ignacio e Bologna será buscar sinergias – onde a Latam poderá ser mais eficiente, cortar custos, melhorar serviços. Bologna, ontem, repetiu algumas vezes que "não haverá demissões". Mas, disse, a Latam terá mais poder de barganha para, por exemplo, comprar combustível mais barato para TAM e LAN e reduzir o custo de manutenção das duas frotas, compostas em sua grande maioria por aviões da Airbus.

Quando a Latam estiver funcionando, explicou Bologna, o conselho de administração, presidido por Maurício Amaro, contará com a assessoria de quatro comitês: estratégico, produto, liderança e auditoria e finanças (neste, nenhum membro dos Cueto ou dos Amaro poderá ter assento).

Os processos de due dilligence (a diligência nos balanços financeiros de LAN e TAM) também começam hoje. O banco BTG e os escritórios de advocacia Turci Attorneys, Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, Clifford Chance e Cariola Diez Pérez-Cotapos & Cía continuam assessorando a área brasileira. Ao lado da LAN estão o banco JP Morgan e os conselheiros legais são Claro y Cia, Sullivan & Cromwell e Pinheiro Neto Advogados. Bologna estima que a diligêcia dure de quatro a seis semanas.

Ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que não se manifestaria sobre a fusão porque não havia recebido nenhum documento. Bologna esclareceu que hoje será enviada documentação à Anac e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi comunicada na sexta-feira.

(Cynthia Malta e Alberto Komatsu | Valor)

 

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