IPOs continuarão afetados por incerteza econômica

As preocupações sobre o ambiente econômico podem continuar tendo impacto sobre a decisão das companhias de realizarem ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) no segundo semestre no Brasil, mas no médio prazo as perspectivas continuam favoráveis para estas operações, na visão da consultoria Ernst&Young.

“Nos últimos meses, o ambiente econômico de forma geral não ajudou e ainda assim tivemos ofertas generosas tanto no Brasil quanto fora, de empresas muito populares”, disse o sócio para a área de mercados estratégicos e emergentes da Ernst & Young, André Viola Ferreira, referindo-se às emissões do banco de investimentos BTG Pactual, no Brasil, e do Facebook, nos Estados Unidos.

Para o executivo, as empresas de setores ligados à infraestrutura e consumo no Brasil continuam sendo as principais candidatas a listarem suas ações em bolsa, especialmente das regiões Sudeste e Nordeste.

“Há muitas empresas considerando IPOs em seus planos de negócios. O elevado número de negócios de private equity é uma evidência. Em algum momento os investidores vão ter que sair e daí vemos que a perspectiva para IPOs é alta”, disse Ferreira.

No Brasil, as ofertas de 2012 concentraram-se no segundo trimestre, a partir de abril. Desde então, os valores apurados pelas companhias em IPOs ou ofertas subsequentes somam 8,63 bilhões de reais. Apenas a oferta das units do BTG respondeu por 3,66 bilhões de reais.

Apesar das boas expectativas da Ernst&Young, as companhias mostram-se reticentes no cenário atual. Na quarta-feira, a Reuters noticiou que a rede de drogarias Pague Menos decidiu suspender seu IPO na Bovespa .

A atividade global de IPOs, segundo a consultoria, teve um crescimento no segundo trimestre, em um total de 206 negócios, que levantaram 41,8 bilhões de dólares, alta de 141 por cento sobre o trimestre anterior. Apesar disso, o total está 36 por cento abaixo do volume levantado um ano antes, de 65,6 bilhões de dólares.

“Os resultados do segundo trimestre mostram um relativo otimismo para a obtenção de capital. Entretanto, este otimismo em certos mercados e em certos ramos de atividade continua prejudicado pela falta de confiança do consumidor e incertezas econômicas”, disse a líder global para mercados estratégicos em crescimento da Ernst&Young, Maria Pinelli.

Um estudo da consultoria sobre o assunto avalia que há uma série de sinais positivos para os IPOs no terceiro trimestre em todo o mundo. Para a Ernst&Young, uma política monetária equilibrada nas economias desenvolvidas e emergentes será importante para restaurar a confiança dos investidores e dos emitentes.

Além disso, as diferentes condições macroeconômicas também devem continuar a criar bolsões de oportunidades no cenário mundial para os IPOs no segundo semestre de 2012.

Segundo a Ernst&Young, nos próximos meses, as janelas para a realização das ofertas iniciais estão suscetíveis para abrir e fechar mais rapidamente e, muitas vezes com pouco ou nenhum aviso.

(Juliana Schincariol | Reuters)

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