Itautec reforça caixa para ir às compras

A Itautec, controlada pela Itaúsa, promete ir às compras. A companhia, conhecida pela fabricação de equipamentos na área de automação, concluiu seu processo de reestruturação administrativa, financeira e de portfólio, e avalia aquisições no segmento de automação bancária. Para isso, a direção da empresa está disposta a elevar o seu nível de endividamento de 40,7% em relação ao patrimônio líquido para 75%, saindo de um endividamento de R$ 209,2 milhões para R$ 385,5 milhões. Em recursos próprios, a Itautec está disposta a investir em torno de R$ 180 milhões.

"Aquisição faz parte das avaliações diárias da empresa", afirmou o presidente-executivo da companhia, Mario Anseloni Neto. Ele observou que não há negociação em fase avançada, mas já avalia empresas nacionais e estrangeiras.

A Itautec tem três áreas de negócios: computação, serviços de tecnologia e automação. Esta última foi a área que mais cresceu em 2010 – 60% em receita, para R$ 473 milhões, passando a representar 30% do faturamento da companhia. A expedição de terminais de autoatendimento bancário (ATM) cresceu 58,4% no ano passado, para 12,2 mil unidades. É a única área que gera exportações. A empresa exporta ATMs para 40 países, e essas vendas correspondem a 6% da receita total. Segundo Anseloni, a companhia tem como meta reforçar a atuação nos Estados Unidos, México e Europa.

O reforço da área de automação é parte do plano de reformulação da Itautec, iniciado em 2010 com a chegada de Anseloni, que acaba de completar um ano no atual cargo. Ele realizou mudanças operacionais na companhia, entre elas o aumento de vice-presidências de duas para seis e a criação de quatro diretorias, o que segundo Anseloni proporcionou melhoria na gestão das áreas de negócios. A companhia também vendeu em julho a Tallard, braço de distribuição de produtos de TI, por R$ 69 milhões.

Financeiramente, a companhia reviu contratos com fornecedores e clientes e elevou o ritmo de giro de estoque de 3,6 para 6,7 vezes por ano. A companhia também reduziu o seu endividamento líquido de R$ 217 milhões em 2009 para um saldo líquido negativo de R$ 56 milhões em 2010. O conjunto de mudanças permitiu elevar o saldo do fluxo de caixa de R$ 32,7 milhões em 2009 para R$ 264,9 milhões em 2010 – o que lhe garante uma folga financeira para aquisições. "O perfil da dívida da Itautec é de longo prazo e tem um nível baixo. Pode subir a 75% sem causar danos", diz Anseloni

Em 2010, a Itautec encerrou o ano com lucro líquido de R$ 12 milhões, ante R$ 51 milhões no ano anterior. O vice-presidente financeiro, João Batista Ribeiro, associou o lucro menor ao aumento nos custos de produção e à redução nas margens de ganho com as vendas de computadores, além de ajustes contábeis para seguir o padrão contábil internacional (IFRS). A receita líquida cresceu 18,7%, para R$ 1,571 bilhão.

O segmento de computação continuou como a principal fonte de faturamento (44% do total). A receita líquida da área cresceu 6,7% no ano, para R$ 713 milhões. Anseloni observou que a área foi afetada pela queda nos preços de notebooks e pelo aumento da concorrência, devido à entrada de marcas importadas. "A Itautec teve muita dificuldade para concorrer no varejo", disse.

Anseloni ponderou que a companhia tinha um portfólio pequeno – de três notebooks – e fornecia para as redes varejistas de maneira "errática". Como parte do processo de reformulação, a companhia renovou os acordos comerciais com as dez maiores redes varejistas do país e ampliou o portfólio para dez computadores.

A empresa confirmou o lançamento de seu tablet para o segundo semestre, conforme antecipou o Valor há um mês. No momento, a companhia desenvolve aplicativos voltados para as áreas de educação, viagens e entretenimento, e negocia parcerias com desenvolvedores externos. Segundo Anseloni, a linha de tablets será voltada para nichos específicos de mercado, como o educacional. "Não vamos fazer loucura por market share. A estratégia consiste em diversificar portfólio e mercados."

A área de serviços, que cresceu 6,7% em 2010, para R$ 385 milhões, foi reformulada em termos logísticos para crescer mais rapidamente. "A área deve apresentar resultados significativos nos próximos meses", afirmou Anseloni.

(Cibelle Bouças | Valor)

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