Kimberly vai investir US$ 250 mi no Brasil

Com a operação fabril centralizada na região Sul e Sudeste do Brasil, a americana Kimberly-Clark decidiu que chegou o momento de estender a estrutura para o Nordeste do país. A companhia irá abrir uma nova fábrica na região para produzir todas as linhas da empresa, dona de marcas como Kleenex, Intimus e Scott. Quer estar mais perto do mercado de consumo que mais cresce no país e, ao mesmo tempo, reduzir custos de logística e distribuição nos próximos anos.

Hoje, boa parte do papel higiênico Neve e dos guardanapos Scott vendidos por lá têm que sair da fábrica de Mogi das Cruzes, em São Paulo.

A produção da nova unidade irá abastecer apenas o Nordeste. As negociações com governos locais acontecem há pelo menos três meses, e a discussão envolve questões ligadas aos incentivos fiscais a serem liberados para a construção da fábrica na região. O Valor apurou junto aos órgãos de governo que Pernambuco e Ceará tiveram interesse no projeto. A nova unidade irá gerar 300 vagas diretas e 100 indiretas, pelas contas da companhia, que não fala em prazo para início da operação.

"Essa é uma iniciativa que engloba um plano de investimentos de US$ 250 milhões no país até 2014", diz João Luiz Damato, presidente da Kimberly-Clark no Brasil. Os desembolsos com a fábrica fazem parte desse montante, assim como a construção de dois novos centros de distribuição (CD) no país, no Norte ou Nordeste (ainda a definir) e outro no Sul.

Com essa iniciativa, a companhia chegará a quatro CDs no país, dobrando o número que existe hoje, e o total de unidades fabris passará de quatro para cinco. As atuais fábricas estão em Suzano (SP), Mogi das Cruzes (SP), Eldorado do Sul (RS) e Correia Pinto (SC).

Os novos CDs também são investimentos com foco estratégico. Estima-se que 80% de tudo que é distribuído da empresa pelo país saia apenas do CD Mata Atlântica, em Mogi das Cruzes, segundo relatório da empresa. Nos últimos dois anos, companhias de consumo, como Natura e P&G também descentralizaram a distribuição.

Essas iniciativas são cruciais no projeto de ampliação do tamanho da Kimberly-Clark no Brasil – quatro anos depois dos últimos investimentos fabris de peso do grupo. E recebeu o sinal verde da matriz porque, na avaliação do comando, no Texas (EUA), pode ser o momento certo para isso. Pesa o fato de que o mercado brasileiro tem crescido mais rapidamente do que a média do grupo no mundo. E tornou-se fundamental, para as principais multinacionais da área de consumo, crescer nos locais onde os resultados estão aparecendo.

Em 2010, a subsidiária brasileira registrou velocidade de expansão (em dólar) oito vezes maior que o grupo. Enquanto a companhia registrou alta de 3,3% nas vendas em 2010, no país essa elevação atingiu 26%. Em moeda local, o crescimento foi de 15%, e a receita chegou a US$ 1,3 bilhão em 2010. Um dos produtos de maior destaque, o papel higiênico compacto Neve (com mesmo peso, mas embalagem 30% menor) registro aumento de vendas, em volume, de 68% no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior.

Semanas atrás, o comando da área internacional da Kimberly-Clark esteve no Brasil para tratar dos novos planos de crescimento do grupo. Essa proximidade maior da matriz com a filial brasileira, diz Damato, chega a criar uma situação inusitada.

"Quando comecei na empresa em 2002, precisávamos acertar o passo. Não crescíamos e esse era um mercado sem inovação no Brasil", conta Damato. "Isso mudou a ponto de termos que dar uma brecada nos planos da matriz, para não investir em certas áreas e, de repente, não crescer o esperado", diz ele.

(Adriana Mattos l Valor)

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