Lloyd’s mira expansão no Brasil

O Brasil é praticamente uma nota de rodapé nos 324 anos de história do Lloyd”s, o pool de companhias de seguros e resseguros de Londres. Afinal, ele só passou a atuar diretamente no país após a abertura do mercado de resseguros brasileiro, em 2008. Agora, o novo plano de expansão, que vai até 2025, traz o Brasil e os demais países emergentes em papéis principais.
 
O Llyod”s funciona como uma espécie de shopping, que reúne uma infinidade de companhias seguradoras, que se unem para formar sindicatos, as lojas que vendem capacidade de seguros e de resseguros. Grandes nomes do mercado, como Liberty, Chartis e Ace, fazem parte dos sindicatos do Llyod”s. O que os sindicatos fazem é assumir riscos complexos, que uma seguradora ou resseguradora não quer, ou não consegue, dar conta sozinha. Isso inclui desde plataformas de petróleo à partes do corpo de celebridades.
 
No Brasil, o Llyod”s atua apenas em resseguros (não em seguros) e na categoria de resseguradora admitida (que precisa de escritório de representação no país mas não traz capital para cá). Não há planos imediatos para mudar nenhuma das duas situações, mas isso não está descartado no médio prazo, afirma o presidente do conselho da companhia, John Nelson. Em 2011, a operação brasileira emitiu US$ 299 milhões em prêmios brutos, alta de 21,5% na comparação anual.
 
O valor é pequeno se comparado aos 23,4 bilhões de libras que a companhia fez em prêmios globalmente. Mas a operação brasileira já mostra fôlego para rivalizar com as outras filiais do grupo no exterior. Em Cingapura, com 15 anos de operação local, o Lloyd”s conta com 16 sindicatos, dos 84 que existem em Londres. No Brasil, com quatro anos, já existem oito sindicatos.
 
O que o Lloyd”s quer fazer agora é conquistar investidores brasileiros para aportar capital nos sindicatos da matriz londrina. "Ainda não falamos com empresas brasileiras, mas ficarei surpreso se, no futuro próximo, nenhum investidor do Brasil se juntar ao Lloyd”s", diz Nelson. O executivo espera que as empresas brasileiras sigam o exemplo de outro emergente, a China. Novembro passado, a China Re, maior resseguradora do país, prometeu investimento de cerca de US$ 50 milhões no Lloyd”s dentro de um ano, em um sindicato próprio. Foi a primeira vez que um ressegurador chinês fez esse movimento, de olho na internacionalização de suas atividades.

(Felipe Marques | Valor)
 

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