Localfrio aposta nas aquisições para dobrar receita

O setor de logística está em pleno processo de consolidação, com anúncios recorrentes de aquisições ou grandes investimentos na área. Para quem está no ramo, se aproxima a hora de decidir em que lado ficar. Uma das empresas mais tradicionais do ramo, a Localfrio – que apesar do nome, não mexe apenas com carga refrigerada – determinou que, nesse processo, não será mercadoria, mas comprador. Além de outros operadores logísticos terrestres, a empresa está de olho em terminais marítimos.

Há três meses a Localfrio está com um novo presidente, Marcelo Orpinelli, que recebeu dos sócios, junto com o cargo, a incumbência de dobrar a receita do grupo, hoje de R$ 200 milhões, em cinco anos. Se necessário, fazendo aquisições de grande porte. Com dívida líquida próxima a zero, o executivo diz que a empresa pode ir às compras sem depender da entrada de sócios ou da abertura de capital – pode apelar apenas para operações de crédito ou aporte dos donos.

Segundo o presidente da empresa, o grupo estava no páreo pela compra da Armazéns Gerais Columbia, aquisição anunciada na sexta-feira da semana passada pela EcoRodovias, por R$ 270 milhões. O faturamento da Columbia foi de R$ 204 milhões em 2009 – ou seja, sozinha a compra dobraria a receita da Localfrio. Apesar do tamanho da operação, Orpinelli diz que a Localfrio estava em condições de levantar os recursos – e, apesar de não concretizada, a oferta não seria menor do que a da EcoRodovias.

Com a aquisição da Columbia, somada a outros investimentos no ramo de logística, a EcoRodovias poderá virar outro grande concorrente da Localfrio na logística em Santos. No porto, a Localfrio também disputa mercado com grandes grupos como Santos Brasil e Libra – que também operam terminais marítimos – e outras empresas com terminais secos, como a Marimex.

Em Santos, a empresa tem um terminal alfandegado de 120 mil m2, que emprega 1 mil funcionários e responde por 70% da receita do grupo. Lá, a companhia mantém grande atuação com carne refrigerada para exportação – cerca de 40% do movimento -, mas tem 60% da receita oriunda de importação de bens industrializados os mais diversos, de produtos químicos a batatas fritas.

O peso da importação na receita do grupo preservou a Localfrio no período da crise, que via de regra atingiu fortemente as empresas que atuam em Santos, um porto fortemente exportador. Enquanto empresas do ramo amargaram perdas de até duas casas decimais com a crise, a Localfrio cresceu 10% entre 2008 e 2009.

Apesar de disputar com empresas com grande poder de fogo, Marcelo Orpinelli diz confiar na eficácia do serviço da Localfrio para ganhar mercado: rapidez e a precisão na movimentação de contêineres. Para ampliar a competitividade, espera participar da licitação de um novo terminal em Santos, e pode procurar negócios em outros Estados, como Santa Catarina, onde também opera.
 
(Fernando Teixeira | Valor)

 

 

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