Locamérica estreia em baixa de 5,5%

Executivos e fundadores da Locamérica foram à sede da BM&FBovespa na manhã de ontem para celebrar a estreia dos papéis da empresa no mercado acionário – na primeira oferta pública inicial de ações de 2011. No fim do dia, os motivos para comemoração haviam diminuído.
 
As ações da locadora de veículos, que foram vendidas na oferta pública inicial com um desconto de 18% em relação ao piso proposto no prospecto, encerraram o dia em queda de 5,55%, a R$ 8,50.
 
Os papéis saíram a R$ 9 na oferta, ante um intervalo previsto que ia de R$ 11 a R$ 14.
 
As ações da Localiza, sua concorrente no setor de locação de veículos listada em bolsa, tiveram uma queda mais amena, de 0,80%, para R$ 33,40. O Ibovespa caiu 1,53%, com 61.537 pontos, em um dia marcado pelo mau humor no mercado externo.
 
O volume negociado por Locamérica foi fraco para um dia de estreia na bolsa: os negócios com ações da empresa movimentaram apenas R$ 9 milhões, que representam pouco menos de 3% do valor da operação.
 
A baixa movimentação é vista como um indício de que uma parcela relevante da oferta teria sido alocada para um número pequeno de investidores.
 
Ainda em um sinal de demanda reduzida, as pessoas vinculadas foram incluídas na oferta.
 
Por fim, os pedidos de reserva dos investidores de varejo foram atendidos integralmente até o valor de R$ 299.997, sendo que o limite é de R$ 300 mil.
 
Ao todo, a oferta da Locamérica movimentou R$ 314 milhoes. Desse valor, R$ 204,6 milhões correspondem à oferta primária, isto é, à emissão de ações, em que o dinheiro captado vai para o caixa da companhia.
 
Os R$ 109,4 milhões restantes dizem respeito à oferta secundária, por meio da qual a BV Empreendimentos e Participações, do grupo Votorantim, reduziu sua participação na companhia em 75%, com a venda de 12,2 milhões de ações. Considerando-se também as novas ações emitidas, a participação do BV ficará em 5,8%.
 
Já os fundadores da companhia, os irmãos Luiz Fernando Porto, que também é o presidente, e Sérgio Resende, viram sua participação na companhia cair de 65,4% para 44%. Os dois não venderam papéis na oferta, mas tiveram sua participação diluída com a emissão de 22,7 milhões de ações.
 
Num plano para tentar estimular a realização de ofertas de valores menores no Brasil, executivos da BM&FBovespa realizarão uma excursão, no fim de maio, em que visitarão Inglaterra, Austrália, Polônia, Espanha, Canadá, Coreia do Sul e China.
 
O plano é obter dados para um estudo que será realizado em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
 
Para Edemir Pinto, diretor-presidente da bolsa, o volume médio das ofertas de ações está muito alto. "Temos cerca de 15 mil empresas com boa alavancagem e grande potencial para realizar uma oferta pública. Queremos criar maior facilidade para empresas menores."

(Natalia Viri, Daniela Meibak e Ana Paula Ragazzi | Valor)

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