L’Oréal escolhe Brasil para operar primeira “fábrica Flex” do mundo

Planta de SP vai utilizar etanol e gás a partir de abril. Meta é dobrar o número de consumidores até 2020.

A francesa L´Oréal, maior empresa de cosméticos do mundo, tem 38 fábricas e 78 centros de distribuição espalhados pelo globo.

Em produção, sua maior unidade industrial fica no Brasil, mais especificamente às margens da Rodovia Anhanguera, em São Paulo.

É a partir desta planta que 370 milhões de unidades de embalagens contendo xampus, condicionadores, batons e esmaltes saem do forno por ano, o equivalente a mais de um milhão de cosméticos por dia.

Os atuais 46 mil metros quadrados de área construída ficarão pequenos até 2020, quando os franceses planejam dobrar o número de consumidores no país, passando de uma base atual de 50 milhões de pessoas para 100 milhões. No mundo, a meta é vender para um bilhão de novos clientes em até nove anos.

Diante da estratégia global de duplicação do tamanho da companhia e, ao mesmo tempo, redução de 50% das emissões de gás carbônico, geração de lixo e consumo de água até 2020, a L´Oréal elegeu o Brasil para encabeçar um de seus projetos energéticos mais modernos.

A partir de abril de 2012, a unidade da Anhanguera se tornará a primeira "fábrica flex" do grupo francês no mundo, informa o irlandês Francis Quinn, diretor mundial de sustentabilidade da L´Oréal, em entrevista exclusiva ao Brasil Econômico.

Na prática, isso significa que a casa das caldeiras, coração da fábrica, passará a usar o etanol da cana de açúcar como fonte de energia no lugar do gás natural.

A companhia não informa o valor do investimento realizado. Quinn diz apenas que está comprando o novo sistema de uma empresa de Campinas (SP) para ressaltar o uso de tecnologia brasileira.

Plano B

No sistema flex que está sendo adotado pela fábrica, o gás natural poderá ser usado em casos de mudança de clima que poderão afetar a colheita de cana e resultar em alta no preço do etanol ou então escassez do combustível.

"Com o Brasil crescendo no ritmo que está, não podemos nos dar o luxo de trabalhar com apenas uma alternativa energética. Temos que ter opções e o etanol de cana é importante para isso. É uma fonte de energia eficiente, limpa e com grande tendência de cresicmento no país", avalia Quinn.

O etanol não foi escolhido pela L` Oréal por acaso. Grande observador da matriz energética das dezenas de países onde a L´Oréal tem fábrica, Quinn acredita que o Brasil deverá conduzir, nos próximos anos, altos investimentos no plantio de cana e produção de etanol.

Operação

Atualmente, por volta de 40% de toda energia consumida na fábrica da Anhanguera vêm da casa das caldeiras, que usa o gás para produzir vapor.
Este, por sua vez, viaja por dutos com o intuito de sanitizar os tanques que mais tarde produzirão os cosméticos.

Com o aumento da produção que, futuramente, deverá crescer para os lados, já que o terreno da L´Oréal tem uma área total de 150 mil metros quadrados e apenas 46 mil metros construídos, Quinn já visitou o Brasil duas vezes neste ano e deve aumentar o número de desembarques por aqui a partir de 2012.

"Não temos como crescer tanto quanto pretendemos sem olhar a questão da sustentabilidade, que é importante não só do ponto de vista ambiental e social, mas também do ponto de vista econômico e como fator atrativo para o consumidor", diz o diretor mundial de sustentabilidade da companhia.

Embora Quinn diga que a energia não representa um custo significativo de produção, ele lembra que a imagem de sustentável será importante nos próximos 10 anos para as empresas de consumo que quiserem crescer nos emergentes Brasil e China. "Não vamos esperar que nos cobrem uma posição. Estamos nos precavendo."

(Françoise Terzian  l Valor)

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