Lucros menores provocam reestruturações em múltis

A forte volatilidade dos preços das commodities agrícolas, sobretudo grãos e algodão, tornou mais difícil o ano de 2011 para as grandes tradings do agronegócio e provocou reestruturações nessas companhias. O Noble Group, com sede em Hong Kong, abriu a temporada de mudanças. Em novembro do ano passado, após registrar o primeiro prejuízo trimestral em 14 anos, anunciou a renúncia de seu CEO global, o brasileiro Ricardo Leiman.
 
No mês seguinte, foi a vez de a americana Cargill anunciar a demissão global de 2 mil funcionários. A reestruturação foi feita também diante de um resultado mais fraco nos primeiros três meses do atual ano fiscal. Em outubro, a companhia anunciou que seu lucro líquido nos três meses encerrados em 31 de agosto havia caído 66% em relação ao mesmo período de 2010, para US$ 236 milhões.
 
No começo deste ano, a também americana ADM (Archer Daniels Midland) anunciou um corte de 3% de sua força de trabalho global, o que significará a demissão de 1.000 pessoas. Ontem, veio à tona a razão de parte de sua reestruturação. A empresa informou que seu lucro líquido foi de US$ 80 milhões no trimestre encerrado em 31 de dezembro de 2011, 89% menor do que o realizado um ano antes.
 
"Foi um trimestre difícil", disse a principal executiva da ADM, Patrícia Woertz. "O ambiente operacional foi desafiador. A fraqueza em curso nas margens globais de óleos vegetais e os mais baixos resultados em milho machucaram o resultado do nosso segundo trimestre", explicou. Nos seis meses do ano fiscal, o lucro líquido foi de U$ 540 milhões, 49% menor do que os US$ 1,077 bilhão de igual semestre de 2010.
 
As vendas líquidas subiram no trimestre para US$ 23,3 bilhões, ante os US$ 20,9 bilhões de igual trimestre do ano anterior. Nos seis meses do ano fiscal, a receita líquida também foi mais alta, de US$ 45,2 bilhões, ante os US$ 37,7 bilhões de igual intervalo de 2010.
 
Boa parte do resultado mais baixo se deveu ao processamento de óleos vegetais, que declinou US$ 72 milhões no trimestre, segundo a empresa. O resultado do processamento de milho também caiu, além dos serviços agrícolas, cujo lucro recuou US$ 268 milhões. Segundo a ADM, a categoria "outros negócios" também teve resultados US$ 181 milhões menores.
 
As perdas no negócio de milho refletem US$ 339 milhões em encargos de depreciação de ativos da unidade de produção de plásticos renováveis da ADM, localizada em Iowa (EUA). A empresa informou, no entanto, que excluindo os números dessa unidade, o negócio de processamento de milho registrou lucro de US$ 206 milhões.
 
O resultado líquido da operação de adoçantes e amidos caiu US$ 46 milhões, para US$ 73 milhões no trimestre. O resultado do segmento de bioprodutos no trimestre passou de um ganho de US$ 486 milhões para uma perda de US$ 206 milhões.

(Valor)

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