Marfrig eleva fatia de mercado após acordo com BRF

As processadoras de alimentos Brasil Foods e Marfrig chegaram a um acordo para realizar uma grande troca de ativos, relacionada ao compromisso assumido pela BRF junto ao órgão antitruste brasileiro para a aprovação da aquisição da Sadia pela Perdigão, que deu origem à companhia.

Com a operação anunciada nesta quinta-feira, a Marfrig elevará sua participação de mercado em industrializados de carnes suína e de aves de 9 para 21 por cento no Brasil, disse o presidente da companhia, Marcos Molina. Enquanto isso, a BRF fortalecerá a sua posição na Argentina.

"Acho que foi bom negócio tanto para nós quanto eles (BRF)", disse Molina à Reuters, referindo-se ao fato de o Marfrig ter ficado com os ativos que o Cade havia determinado que a BRF vendesse.

Os ativos recebidos da BRF, em sua maior parte com foco no mercado interno, representam um faturamento anual de cerca de 1,7 bilhão de reais ao ano, de acordo com Molina.

O Marfrig, segunda empresa em carne bovina, suína e de aves do Brasil, fechou o terceiro trimestre com uma receita líquida de 5,5 bilhões de reais.

Questionado se resolveu um problema da BRF, apesar de o Marfrig ter se tornado um concorrente mais forte para a dona da marca Sadia, Molina afirmou:

"E resolvemos o nosso (problema) também, vamos ficar com marcas e o share das marcas".

Ele acrescentou que a companhia ainda terá chance de ganhar mais participação de mercado com sua marca principal, a Seara, enquanto a Perdigão ficar suspensa em alguns segmentos, por três anos, como determinou o Cade.

"A marca Perdigão vai sair de alguns produtos e vamos ter capacidade para ocupar o espaço também", afirmou.

A BRF havia informado anteriormente que apenas negociaria os ativos em 2012, enquanto o presidente da Marfrig, que inicialmente chegou a manifestar interesse pelos ativos do concorrente, disse recentemente que a companhia ficaria mais focada em reduzir custos e capturar sinergias de aquisições anteriores.

"Realmente, quando a gente decidiu sentar e fechar o negócio foi esta semana", declarou Molina, evitando precisar quanto tempo levaram as negociações.

O Marfrig ainda pagará 200 milhões de reais para a BRF, além de repassar ativos na Argentina para a concorrente.

Esse valor será pago com recursos próprios no longo prazo, disse Molina, não especificando o período. "Foi um bom negócio, traz performance operacional, e sem dívida", avaliou.

A companhia iniciou recentemente um programa com foco na redução de endividamento, que atingiu 11,58 bilhões de reais ao final do terceiro trimestre.

Já a Brasil Foods, uma das maiores empresas de alimentos do Brasil e a maior exportadora de carne de frango do mundo, reforçou com o negócio ainda mais os seus ativos no Mercosul, após ter adquirido companhias na Argentina recentemente por 150 milhões de dólares.

ATIVOS DETIDOS PELA BRF QUE VÃO PASSAR À MARFRIG:

Todos os bens e direitos relacionados a oito centros de distribuição; capacidade produtiva da planta industrial de suínos localizada na cidade de Carambeí; totalidade da participação acionária detida pela Sadia, direta e indiretamente, equivalente a 64,57 por cento do capital social da Excelsior Alimentos S.A; marcas e direitos de propriedade intelectual referidos pelo Termo de Compromisso de Desempenho acertado com o Cade (Rezende, Wilson, Patitas, Tekitos, Texas, Escolha Saudável, Light Elegant, Fiesta, Freski e Confiança; Doriana e Delicata).

ATIVOS DETIDOS PELA MARFRIG QUE VÃO PASSAR À BRF:

Ativos localizados na Argentina relativos à marca PATY, líder no mercado de hambúrguer argentino, incluindo unidades de processamento de hambúrgueres, presuntos, salsichas, vegetais, e um abatedouro de bovinos, além de depósitos e estrutura de distribuição; as marcas, patentes e todos os demais direitos de propriedade intelectual relacionados às linhas de processados Paty (e suas submarcas), Barny, e Estancia Del Sur, acompanhados de todos os demais direitos de propriedade intelectual a elas relacionados; granjas de suínos e propriedade rural, todas localizadas no Estado do Mato Grosso; operações comerciais com a marca PATY no Uruguai e no Chile.

(Fabíola Gomes, Marcelo Teixeira e Roberto Samora l Reuters)

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