Medo de errar nos balanços: forma ainda prevalece sobre a essência

No último dia 12 de setembro, aconteceu o 2º Encontro de Contabilidade e Auditoria para Companhias Abertas e Sociedades de Grande Porte. De acordo com depoimentos colhidos pelo Valor Econômico no evento, quase cinco anos após a edição da Lei 11.638, que marcou o início do processo de migração do padrão contábil brasileiro para o modelo internacional IFRS, ainda se nota entre os agentes locais uma grande dificuldade para que a essência prevaleça sobre a forma nas divulgações de balanços de empresas. O diagnóstico é que as empresas acabam cedendo ao que dizem ser pressão dos auditores para aumentar o número de notas explicativas nos balanços, que estariam previstas nas regras. Esses, por sua vez, acabam exigindo mais do que talvez fosse o necessário, com receio de receber alguma reprimenda do órgão regulador. O resultado é que os balanços estão maiores do que o desejado pelas empresas, e sem necessariamente trazer mais informações úteis aos usuários.

O medo de errar demonstra claramente que a forma ainda prevalece. O excesso de notas explicativas é a alternativa de quem ainda não apreendeu os drivers de valor de seu negócio, seus ativos operacionais relevantes e respectivas técnicas de determinação dos valores justos. O IFRS 13 que trata do valor justo diminuirá esta resistência, pois obrigará os administradores a “errar”, aumentando o disclosure sobre os métodos, critérios e premissas nas notas explicativas.

(Luiz Paulo Silveira, Superintendente Técnico da Apsis)

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