Método Engenharia mira óleo e gás para crescer

São Paulo – A Método Engenharia vive um ano de retomada após o impacto da crise de 2008 – que manchou seu balanço de 2009 com um prejuízo líquido de 3,8 milhões de reais. A empresa, que adquiriu a Potencial Engenharia no final do ano passado, busca novas aquisições na área de construtoras no segmento de óleo e gás para crescer e entrar na bolsa de valores daqui a três ou quatro anos.

"Nosso plano é ter um crescimento agressivo nos próximos anos", disse Hugo Rosa, presidente da Método, à EXAME.com, no Fórum Exame de Sustentabilidade 2010, realizado nesta quarta-feira (10/11), em São Paulo. O presidente espera que a empresa cresça entre 30% e 35% ao ano a partir de 2011. Além do crescimento orgânico, a Método visa aquisições de empresas que atuem na cadeia de óleo e gás – e tenham atuação complementar à da Potencial na Petrobras, por exemplo.

A Método quer crescer para acessar o mercado de capitais daqui a três ou quatro anos. O objetivo da empresa na bolsa é captar mais de um bilhão de reais, para isso ela pretende realizar seu IPO quando seu ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) for de cerca de 150 milhões de reais – atualmente é de 50 milhões. Triplicar dentro desse prazo "é bem possível", disse Hugo Rosa.

Vários segmentos passaram por fusões recentemente, como alimentos, setor financeiro e bebidas. Hugo Rosa acredita que isso vai começar a acontecer no setor de engenharia e construção. Nos anos 60 e 70 o país possuía grandes empresas de engenharia, que sofreram com a redução de investimentos públicos nos anos 80, segundo Hugo Rosa. Isso reduziu as grandes empresas da época e os engenheiros começaram a fazer empresas menores. "E nove em cada dez dessas empresas são vendedoras hoje", disse. "Todos vêem a grande oportunidade do setor pela frente, mas tem que estar qualificada e ter dimensão", disse.

Óleo e Gás

Em 2010, a Método retomou as contratações de obras e seu volume de produção voltou a crescer a partir do meio do ano. No fim do ano, o volume de produção será cerca de duas vezes maior que o volume de produção do início desse ano – e equivalente ao volume de 2008. Apesar do crescimento, a empresa acredita que não vai fechar 2010 com um balanço positivo, disse o presidente da Método.

"Nos últimos 12 meses nós contratamos um volume expressivo de obras, isso faz com que a gente tenha uma perspectiva muito boa para o próximo ano", disse Hugo Rosa. Entre os ramos de atuação da empresa, os principais são o mercado imobiliário e construções em indústrias de óleo e gás.

A partir do fim de 2009, a Método passou a atuar também em construção de indústrias de base, através da aquisição da Potencial Engenharia, que atua na área de óleo e gás e siderurgia e metalurgia. O carro chefe nessa indústria é o setor de óleo e gás, especialmente a Petrobras. "Um grande investimento que nós fizemos foi esse braço em óleo e gás", disse o presidente.

A entrada nesse segmento ocorreu porque no segmento de edificação, em vários momentos, a empresa "bateu com a cabeça no teto", disse o presidente. Sem ter como crescer entre as empresas de construção que não fazem obras públicas, a empresa ampliou sua atuação para infra-estrutura porque chegou no seu limite de crescimento, segundo Hugo Rosa. "Ampliamos nossa atuação para infra-estrutura porque é um segmento em que o Brasil ainda vai ter muito investimento, e também porque os valores das obras nesse segmento são muito maiores que em edificação", disse.

No setor de óleo e gás, além da perspectiva de muitos investimentos no futuro, a empresa espera grande concorrência, inclusive de empresas de engenharia que atuavam em outros segmentos. "A potencial vem enfrentando concorrentes de empresas de outras área, muitas sem experiência naquele segmentos", disse.

Exterior

A Método possuía empreendimentos em alguns países da América do Sul, como Argentina e Chile, e chegou até os Emirados Árabes nessa década, mas vendeu suas operações no exterior. "Fomos para o exterior num momento em que a economia brasileira andava de lado", disse o presidente da Método. "Vamos nos concentrar exclusivamente no Brasil nos próximos anos", disse.

Copa do Mundo e Olimpíadas

A Método acredita que em decorrência da Copa do Mundo e das Olimpíadas, haverá mais recursos do BNDES para renovação da rede hoteleira do país. Por enquanto, Hugo Rosa só viu obras em estádios "via de regra com cartas marcadas", disse, além de obras de infra-estrutura já previstas, como as de metrô.

(Beatriz Olivon | Portal Exame)
 

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