Minoritário quer elevação de OPA da CCDI

Os acionistas minoritários da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliários (CCDI) se manifestaram ontem contra o fechamento de capital da empresa e a saída do Novo Mercado. As medidas foram aprovadas em assembleia pelo Grupo Camargo Corrêa, que controla a CCDI com 66,11% das ações.
 
Na reunião, minoritários representantes de cerca de 45% do capital da CCDI em circulação no mercado (33,9%), foram contrários à operação. Os acionistas protestaram – por escrito e verbalmente – contra o fato de a empresa desejar realizar uma só oferta pública de ações (OPA) para a duas operações.
 
Na mesma reunião, os minoritários escolheram o Santander para fazer o laudo de avaliação das ações da companhia.
 
Acionistas da empresa tentam negociar com o controlador um aumento do preço fixado para o fechamento de capital.
 
A Camargo Corrêa ofereceu R$ 4,70 por ação, quantia que equivale 91% do valor patrimonial por ação da empresa, que é de R$ 5,18. Para os minoritários, o valor poderia ser mais do que o dobro ofertado, se forem contabilizados a valor presente os empreendimentos que já foram vendidos, mas não iniciados, bancos de terrenos e imóveis inacabados da empresa, por exemplo.
 
Em relatório de meados de março, o Credit Suisse observava que as ações da CCDI, que acumulavam, nos últimos 12 meses queda de 41%, estavam negociadas na bolsa a metade do valor de liquidação da empresa. Mas, ainda assim, diante do histórico ruim do modelo de negócios da empresa, afirmava que a decisão do controlador era apropriada.
 
No entanto, os acionistas dizem que, acima da discussão sobre o preço, estão os questionamentos sobre a decisão da empresa de fazer uma OPA unificada para o fechamento de capital e deslistagem do Novo Mercado. Assim como fizeram fundos estrangeiros, que enviaram uma reclamação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionando o voto do ItaúUnibanco da decisão de retirar a Redecard do Novo Mercado, os minoritários da CCDI protestaram sobre a existência de conflito de interesses nessa decisão. Na avaliação deles, a saída do principal segmento de governança da bolsa só destrói valor da empresa e favorece apenas desejos do controlador.
 
Com relação à unificação das OPAs, avaliam que a medida é instrumento de pressão para a adesão ao fechamento de capital – mesmo que não tenha sucesso no cancelamento de registro, o controlador diz que retirará a CCDI do Novo Mercado. Para aprovar o cancelamento do registro de companhia aberta, é necessária a aprovação de dois terços das ações em circulação. Se não houver essa adesão, o controlador só pode comprar um terço dos papéis, para garantir que as ações continuem com liquidez.
 
Já para sair do Novo Mercado, é preciso a realização de um leilão em que todos aqueles que concordarem com a medida podem entregar ações – ou seja, não há garantia de liquidez. Procurado pelo Valor, o Grupo Camargo Corrêa informou "que todos os procedimentos adotados para a OPA da CCDI atendem aos requisitos da legislação em vigor e observam as boas práticas de transparência e respeito ao mercado de capitais".

(Ana Paula Ragazzi | Valor)

 

 

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