MWM prepara terreno para novo ciclo no país em 2012

A MWM International, subsidiária da americana Navistar, terá pela frente um ano de preparação para o novo ciclo da operação no Brasil, que se inicia em 2012 com a retomada da montagem de motores para terceiros e o lançamento de uma nova família de produtos, que atendem à norma Euro 5. Para suportar esse modelo de negócios, a MWM prevê investir US$ 85 milhões no próximo ano, US$ 5 milhões a mais do que o aplicado em 2010. Os recursos fazem parte de um plano que prevê aportes de US$ 345 milhões entre este ano e 2015, em recursos gerados pela própria subsidiária e uma parcela menor garantida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A expectativa quanto ao retorno do investimento é elevada. Apenas um dos contratos de produção de motores para uma grande montadora, a previsão é de faturamento adicional de US$ 2 bilhões ao longo de sete anos. Para essa cliente, serão entregues entre 50 mil e 60 mil peças anualmente.

O outro contrato, com uma montadora de caminhões, prevê a montagem de 30 mil propulsores, no decorrer de cinco anos. "Hoje, o desafio é implantar o novo modelo e assegurar que tanto fornecedores quanto a nossa capacidade produtiva possam sustentá-lo", afirmou ao Valor o presidente da MWM, José Eduardo Luzzi, que trabalha para o grupo há 25 anos e assumiu o cargo em setembro.

 

No ano fiscal de 2010, encerrado em 31 de outubro, a companhia produziu 143 mil motores nas duas fábricas que opera no país – em São Paulo (SP) e Canoas (RS) -, no melhor período de sua história, e espera bater novo recorde em 2011, com expansão de até 9% no volume produzido. As duas unidades, além da fábrica de componentes na Argentina, receberão investimentos para expansão de capacidade e adaptação das linhas para atender os contratos de terceirização.

Segundo Luzzi, embora o mercado automotivo argentino ainda esteja em fase inicial de retomada, a manutenção da unidade de Jesus Maria (Córdoba) é estratégica. "A Argentina está se estabelecendo como importante polo produtivo de picapes, mercado em que estamos presentes", explicou. "Além disso, pode custar muito caro sair de um mercado e depois retomar os negócios", acrescentou.

Esse mesmo raciocínio é aplicado à política comercial da companhia, que não deixou de atender os 35 países para os quais exporta motores a partir do país apesar do câmbio desfavorável. "Às vezes é mais interessante exportar sem ganho do que perder o mercado", disse Luzzi. Em 2010, a MWM, que se apresenta como líder na fabricação de motores diesel no Mercosul, com participação de 32%, a exportação de motores representou 22% do faturamento total.

O embarque de propulsores também tem papel na política de hedge da companhia, que, no próximo ano, deverá registrar importações equivalentes a 15% das receitas e exportações de 30%. "Temos de manter o controle sobre o conteúdo local de nossos produtos, uma vez que o mercado de caminhões é muito dependente do Finame (linha de financiamento do BNDES que exige índice mínimo de nacionalização de 60%)", explicou o executivo. A MWM International, lembrou ele, transformou-se em "exportadora natural" ao se consolidar como fornecedora de tecnologias para outras operações do grupo Navistar – até a subsidiária chinesa, atualmente, paga royalties para o Brasil, onde a companhia empresa cerca de 350 profissionais na área de desenvolvimento de novos produtos.

Ao longo deste ano, o crescimento expressivo nas vendas de motores para caminhões foi o grande responsável pela expansão dos negócios da empresa, cenário que deve se repetir em 2011. Segundo o presidente da MWM, a obrigatoriedade do Euro 5 a partir de 2012 – o que segundo fabricantes elevará o preço final de caminhões – deve levar à chamada pré-compra desses veículos, especialmente por parte de frotistas, nos últimos meses do ano que vem. Tratores de rodas e ônibus também devem contribuir para a expansão dos negócios.

Conforme balanço recente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), somente em outubro a produção de automóveis e comerciais leves alcançou 300,76 mil unidades, estável em relação a 2009. Contudo, na mesma base de comparação, a produção de caminhões subiu 26,3%, para 16,42 mil unidades, e a de ônibus avançou 32,1%, chegando a 4,62 mil unidades. "O mercado está realmente aquecido e o fato de haver novos entrantes (montadoras) é visto como mais uma oportunidade", afirmou.

(Stella Fontes | Valor)

 

 

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