Natalie Klein expande negócios

Discretamente, como faz o seu estilo, a empresária Natalie Klein se prepara para expandir os horizontes da marca que criou em 1997, a NK Store. Em março do ano que vem, estreia no e-commerce, com artigos de sua marca própria e de mais 20 grifes internacionais que já estão à venda na loja física. Em breve, a única butique que mantém em São Paulo vai ganhar uma ampliação, ocupando o imóvel vizinho, e pelo menos duas novas grifes: Chloé e Giambattista Valli.
 
Paralelamente, Natalie mantém negociações com a estilista inglesa Stella McCartney para uma futura loja da grife no país. Mas mantém cautela sobre o assunto. "Tanto ela como outras tantas marcas que represento estão cautelosas. Não somos a China e nem a Rússia e nossas taxas de importação representam um enorme entrave", diz.
 
Atualmente, a NK Store tem um lote de acessórios da grife Stella McCartney aguardando para entrar no território brasileiro, por conta de uma mudança na legislação que obriga que os sapatos importados tenham classificação de origem. "A mudança na legislação ocorreu no meio do processo e, nesse momento, a carga está parada na Suíça."
 
Foi por essas e outras que Natalie impôs uma gestão igualmente cuidadosa à grife Marc Jacobs – da qual é master franqueada. A marca sempre foi um sucesso entre as clientes da NK e, por isso, mereceu ganhar um ponto de venda próprio, aberto ao lado da butique em 2009. Neste mês, a grife transferiu-se para o shopping Iguatemi, para um ponto maior, com espaço para receber as várias linhas criadas por Jacobs. "No momento, estamos estudando onde abrir outras lojas Marc Jacobs", diz Natalie.
 
Se há uma coisa que a empresária definitivamente não faz é dar passos maiores do que suportariam os seus sapatos de saltos altos. A NK Store nasceu (e se mantém até hoje) como uma butique multimarcas "com curadoria". O primeiro endereço, uma casa no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, teve de ser abandonado por problemas de zoneamento – e à revelia de Natalie, que resistiu por medo de perder a aura de "clubinho secreto". Acabou se transferindo para o Jardins, no coração do comércio de luxo paulistano. "Minha filosofia nunca mudou: queria ser uma butique para onde as pessoas vão porque querem e não porque estão de passagem", diz ela, misto de empresária, curadora e estilista, que comanda uma empresa com 260 funcionários e vem apresentando um crescimento de 25% ao ano.
 
Mas em 2011 o crescimento está se mostrando maior – 40% – por conta da operação da primeira filial da NK Store, inaugurada no Rio no ano passado. "Tínhamos a expectativa de faturar, no Rio, 20% do que faturamos em São Paulo. Mas acabamos alcançando 40%", diz Natalie.
 
De acordo com Natalie, o modelo de negócio das multimarcas é mal explorado no Brasil. "A vantagem de ter várias marcas é mesclar os estilos e investir somente no que importa", diz a empresária. Mas não se trata, diz ela, de comprar uma ou outra peça de grife, apenas para fazer número. "Sempre compramos um volume que represente bem o estilo de cada marca", afirma a empresária, que viaja com mais duas pessoas da equipe para fazer as compras internacionais.
 
A adequação ao "humor" de sua cliente é fator determinante para investir numa grife ou abandoná-la naquela temporada. "Mas o primeiro critério é o meu gosto", diz. A cada nova estação, novos nomes vão sendo adicionados às araras da NK Store. Recentemente, chegaram Etoile by Isabel Marant e Courrèges, que dividem espaço com outras estrangeiras e com duas marcas próprias de Natalie – a NK e a Talie. Esta, além de vendida nas duas lojas NK Store, é distribuída para 70 multimarcas pelo Brasil. As coleções das marcas próprias da empresária são produzidas em uma fábrica também própria na Vila Leopoldina, em São Paulo. "Somente os ”cashmeres” são feitos na China."
 
Apesar de vários convites, Natalie nunca considerou abrir uma loja de shopping e, muito menos, criar espaços maiores, semelhantes à Villa Daslu. "Nunca quis um lugar pretensioso, nem uma loja aonde a cliente vai para ser vista", diz. Apesar de evitar comparações, para muita gente a NK Store está ocupando o lugar de loja de moda de luxo que já foi da Daslu. "São estilos diferentes", afirma ela.
 
A empresária não teme a concorrência representada pelo aumento das viagens internacionais dos brasileiros ao exterior. Como convencer as consumidoras a comprar uma bolsa Marc Jacobs aqui e não em Nova York? "Em primeiro lugar, prestamos um serviço único, que inclui consultoria de moda e todo o tipo de ajuste nas peças", diz. "Depois, damos a facilidade do parcelamento da compra. E a cliente paga em reais, sem precisar se preocupar com a flutuação do câmbio ou com o IOF."

(Vanessa Barone | Valor)

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