Nove consórcios devem participar de leilão

Pelo menos nove consórcios devem entregar hoje na BM&FBovespa propostas para a concessão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília (DF). Os principais representantes do setor brasileiro de infraestrutura, como CCR e EcoRodovias, estão confirmados. O mercado chegou a contar a participação de até 22 grupos na disputa, mas a exigência de um grande operador nas sociedades diminuiu as previsões sobre o número de participantes.
 
Um dos grupos, antes visto como confirmado na concorrência, desistiu nesta semana. Composto pelas brasileiras CVS, Encalso e ATP, o consórcio que contava com a participação da operadora ANA Aeroportos de Portugal não teve tempo suficiente para discutir todas as tratativas entre os participantes. O grupo protocolou pedido de impugnação do edital à Agência Nacional de Aviação civil (Anac), mas a solicitação foi negada. "Não conseguimos, houve pouco tempo para negociar todos os detalhes. Talvez na próxima participemos", diz Luciano Amadio, presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) e representante da CVS.
 
Segundo o Valor apurou, o grupo fluminense MPE chegou a negociar com diferentes operadores estrangeiros, mas também não deve ter tempo hábil para elaborar suas propostas.
Entre as confirmadas, a Triunfo Participações e Investimentos foi uma das últimas a fazer um posicionamento oficial sobre as parcerias. Por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o grupo divulgou que firmou termo de compromisso com a Egis Airport Operation (operadora francesa que tem concessão de 11 aeroportos com 13 milhões de passageiros/ano no total) e a UTC Participações (holding controladora da TEC Incorporações e Empreendimentos Imobiiários e UTC Engenharia). As três participarão do leilão em conjunto.
 
Ontem, o diretor de relações com o investidor da CCR (grupo controlado por Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa), Arthur Piotto, confirmou que a companhia irá apresentar propostas. Perguntado se o grupo concentraria atenções em um ou outro empreendimento (pelas regras do edital, só é possível ganhar um dos aeroportos), Piotto disse que "a ideia" é fazer ofertas para os três.
 
A CCR disputará os aeroportos com a suíça Flughafen Zurich AG, operadora do aeroporto de Zurique, na Suíça. Piotto não informou, no entanto, detalhes sobre a composição do consórcio. É possível, por exemplo, que a sociedade seja integrada também por um fundo de investimentos – segundo informou Leonardo Vianna, diretor de novos negócios do grupo, em meados de janeiro.
 
Fontes confirmam a entrega de propostas da EcoRodovias. O grupo, contudo, assim como a maioria dos outros participantes, não dá detalhes sobre a eventual preferência por um ou outro terminal. Felix von Berg, diretor de projetos da alemã Fraport, disse ao Valor no ano passado que a preferência natural da sociedade seria por Guarulhos.
 
Analistas ouvidos pela reportagem, no entanto, dizem que Campinas também faz sentido na estratégia da sociedade, pelo fato de o aeroporto ter forte movimentação de cargas. O grupo EcoRodovias tem atuação em logística por meio da Elog e possui um grande terminal de cargas perto de Campinas.
 
Por mais que haja o leilão a viva-voz na segunda-feira (dia 6), a entrega de propostas é importante porque, caso um aeroporto só receba uma proposta válida, o grupo que fez a oferta automaticamente leva a concessão e suas propostas para os outros empreendimentos são descartadas. Isso porque o edital proíbe um mesmo grupo levar duas concessões – resultado do desejo do governo federal por ter concorrência entre os terminais.
 
Especialistas não arriscam dar palpites sobre o favoritismo de um ou outro grupo, ou sobre se um aeroporto será mais concorrido que outro. "Cada terminal combina com a estratégia de uma companhia", diz um analista que prefere não se identificar.
 
Com isso, são pelo menos nove sociedades confirmadas: EcoRodovias e Fraport, CCR e Zurich, OHL Brasil e Aena, Odebrecht e Zurich, Engevix e Corporación América, Galvão e Flughafen München, Fidens e ADC&HAS, Queiroz Galvão e BAA, e Triunfo e Egis.

(Fábio Pupo | Valor)
 

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