Novelis vai investir US$ 300 milhões em fábrica no Brasil

A Novelis, antiga divisão de produtos laminados de alumínio da canadense Alcan que foi transformada em empresa independente em janeiro de 2005, acaba de aprovar seu maior investimento individual desde sua criação. A companhia vai aplicar US$ 300 milhões (mais de meio bilhão de reais) na expansão da capacidade de produção de seu complexo de laminação de Pindamonhangaba (SP). A empresa quer acompanhar o crescimento da demanda do mercado brasileiro e de outros países da América do Sul em embalagens para bebidas (latinhas), que tem crescido a taxas anuais de 10% nos últimos cinco anos.

"O objetivo desse investimento é garantir o suprimento no médio e longo prazo de chapas de alumínio para os fabricantes de latas na região", disse ao Valor o presidente da Novelis para a América do Sul, Alexandre Almeida. Os novos equipamentos da instalação de Pinda – hoje a única da América Latina e segunda maior das Américas – vão entrar em operação no fim de 2012. Com a expansão, a capacidade atual, de 400 mil toneladas de chapas laminadas por ano, vai aumentar 50%, passando para 600 mil toneladas.

No curto prazo – dois anos – com a capacidade atual, a empresa tem condições de atender seus clientes no país e na região, garantiu o executivo, de 46 anos, que assumiu o comando da empresa na América do Sul em agosto de 2008. Há seis anos na empresa, Almeida era diretor financeiro antes de ser promovido.

O mercado de latas de alumínio, conforme a Abralatas, entidade das fabricantes no país, atingiu 14,8 bilhões de unidades no ano passado, exibindo crescimento de quase 12%. No início deste ano, a demanda superaquecida por cerveja, refrigerante e sucos pegou as fabricantes de surpresa e começou a faltar latinhas. Rexam, Crown e Latapack-Ball anunciaram expansões e novas fábricas, mas até ficarem prontas terão de recorrer a importações. A previsão é buscar fora do país até 1,5 bilhão de unidades durante o ano. A CSN atua no Nordeste com latas feitas em aço.

Almeida explica que o último grande investimento na unidade de Pinda foi feito em 1999, quando passou de 120 mil para 280 mil toneladas de capacidade. "Isso permitiu o desenvolvimento da indústria de latas no país". Nos últimos anos, com desgargalamentos nas linhas de produção e melhorias de processo, o complexo foi ampliado em mais 40%. "O volume atual é suficiente para atender a produção de até 22 bilhões de latas ao ano", informou. Com novos planos, as fabricantes devem atingir 20 bilhões em 2011.

A expansão de Pinda envolve a instalação de um novo laminador a frio (o terceiro), um novo forno de fundição de placas de alumínio e um novo forno de pré-aquecimento para o laminador a quente de chapas. "Vamos ficar com um centro integrado e ainda mais moderno que hoje", diz.

Com essa expansão, Pinda se torna uma das maiores laminações de alumínio no mundo, similar à que a Novelis opera atualmente nos EUA, no Estado de Nova York. A empresa tem outras operações na Alemanha e Coreia do Sul.

Idealizado há três anos e formatado entre agosto de 2008 e março 2009, o investimento foi aprovado pelo conselho da Novelis anteontem. "A crise econômica mundial reduziu a demanda por laminados de alumínio, mesmo assim o projeto foi mantido", observou o executivo. Uma parte terá recursos próprios e a empresa vai buscar fontes de financiamento diversas para a obra, inclusive o BNDES.

Com receita de US$ 950 milhões e vendas de 340 mil toneladas de produtos laminados no Brasil no ano fiscal encerrado em 31 de março de 2009, a Novelis, além de Pinda, que inclui uma instalação de reciclagem, também opera uma fábrica de folhas em Santo André (SP), duas de metal primário em Ouro Preto (MG) e Aratu (BA) e nove hidrelétricas em Minas Gerais.

Desde 2007, a Novelis pertence ao grupo indiano Hindalco Industries. Líder mundial em laminados de alumínio e em reciclagem de latas, com receita de US$ 10, 2 bilhões em 2009, a empresa atua em 11 países e tem capacidade de 3 milhões de toneladas de chapas. É a maior fornecedora global para embalagens e setor automotivo.

(Ivo Ribeiro | Valor)
 

 

 

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