Número de empresas que entraram na Bovespa caiu 73% em 2012

As incertezas do setor privado sobre o rumo que a economia brasileira tomaria neste ano fizeram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perder seu poder de atração e registrar um recuo de 72,7% no número de empresas que decidiram abrir seu capital e lançar ações na bolsa em 2012 frente ao ano anterior.
 
De 11 IPOs (oferta pública inicial das ações, em inglês) registrados em 2011, que, juntos, movimentaram perto de R$ 7,17 bilhões, a quantidade caiu para apenas três no ano seguinte, somando R$ 3,932 bilhões, de acordo com dados da Bovespa.

“O principal fator motivador para a abertura de capital das empresas, inclusive com respaldo em pesquisas formais com executivos, se refere à expectativa da economia e dos mercados. Acredito que essa expectativa sobre o Brasil neste ano se reduziu, especialmente no segundo semestre, o que foi validado pelo baixo crescimento, comparado a outros emergentes ou a economias da América Latina”, disse o professor de finanças do Ibmec, Alexandre Galvão.
 
Para este ano, a previsão dos analistas dos bancos para o crescimento do PIB está em 1%. Se confirmado, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano será o pior desde 2009, quando o país enfrentava os reflexos do início da crise financeira internacional.

Entre as estreias de companhias na bolsa no ano anterior, a maior valorização de ações, considerando o período entre a data de abertura e o dia 13 de dezembro, foi a da Arezzo, rede de calçados femininos: 111,67%. Neste ano, a maior alta foi registrada pelos papeis da Locamerica, que faz terceirização de frotas para clientes corporativos: 31,85%. Já entre as maiores quedas, estão a da Time For Fun, companhia do mercado de entretenimento, em 2011: -52,94%, e a da Unicasa, fabricante de móveis, em 2012: -22,50%.

 A queda de juros promovida pelo Banco Central ao longo deste ano deveria ter contribuído com o aumento da procura pelo mercado de ações, segundo a avaliação do economista Miguel Daoud, da consultoria Global Financial Advisor. “No entanto, isso [aumento da demanda] não ocorreu no Brasil, uma vez que a competitividade internacional aumentou muito com a crise e, aqui, o ambiente de negócios não favoreceu as empresas devido ao custo Brasil.” Após dez reduções seguidas na taxa básica de juros da economia brasileira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve na última reunião, em novembro, a Selic em 7,25% ao ano, na mínima histórica.

O prejuízo para a Bovespa dessa queda do número de  listagens de novas companhias está, principalmente, na diminuição das negociações. “O mercado de renda variável se enfraquece por falta de papeis para formação, composição e renovação das carteiras de fundos de investimentos”, disse o economista. No ano, a Bovespa registra valorização aproximada de somente 1%.
 
Perto dos 90.000 pontos
 O cenário para o mercado de ações em 2013 deverá ser menos negativo do que o visto neste ano. Se boa parte das bolsas mundiais reagir, a procura por papeis no Brasil poderá aumentar, segundo Daoud, estimulando mais empresas a abrir capital.
 
“Acredito que no próximo ano, se tudo ocorrer dentro do previsto, haverá uma melhora. Estimo que a nossa bolsa possa chegar ao final de 2013 perto dos 90.000 pontos. Não porque vamos crescer, e sim, pela preocupação do governo em melhorar a situação da Petrobras, Eletrobras… e a Vale fará uma grande reestruturação nos seus negócios quer permitirá uma melhora.”
 
Saída da Bovespa
 Neste ano, menos empresas entraram na bolsa, porém, menos companhias desistiram de fechar seu capital que em 2011. Foram 29 ofertas públicas de aquisição (OPAs) no ano passado, e 26 em 2012. “Menos negócios motivam tanto a redução de captação quanto o movimento de fechamento de empresas, gerado por fusões e aquisições”, afirmou Galvão.

(G1)

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