O ‘fast fashion’ dos móveis

Coleções rápidas, que mudam a cada 30 dias, são a arma do alemão Max Reichel, criador do site Oppa, que entra no ar no começo de dezembro, para criar um novo conceito no cada vez mais concorrido mercado de móveis no País: o fast fashion de peças de mobília com design assinado. Reichel, que chegou ao Brasil como executivo da consultoria McKinsey, resolveu empreender e captou dinheiro de fundos de investimento – como o brasileiro Monashees e o americano Thrive Capital – para abrir a loja online que venderá design a preços populares.

O empresário alemão, de 29 anos, não revela quanto dinheiro os fundos investiram na ideia. Mas, pela lógica do mercado, um negócio que não é puramente online, pois envolve produção e distribuição de produtos, precisa de um investimento próximo a R$ 10 milhões para sair do papel. As coleções mensais, segundo Reichel, serão a chance para novos designers se lançarem no mercado: "Acho que o design de móveis das lojas brasileiras parece cópia do que já se viu na Europa. A minha ideia é dar a primeira chance para os profissionais que estão saindo da universidade assinarem uma peça. Com isso, ofereço móveis mais originais."

A estratégia de apostar em novos talentos e a opção por aproveitar os espaços ociosos em diversas fábricas de móveis no País são táticas que o Oppa emprega para cumprir seu maior objetivo: oferecer preços competitivos em relação às principais referências em design popular no País, a Tok&Stok e a Etna. "Acho que conseguiremos ficar entre 20% a 30% abaixo dos preços praticados por essas lojas", diz o empreendedor. Um sofá de quatro lugares, parte da primeira coleção mensal da Oppa, será vendido por cerca de R$ 2 mil.

Para garantir variedade à coleção, Reichel explica que o planejamento do Oppa descartou a reedição de modelos de móveis, mesmo daqueles que tenham grande aceitação. "A ideia é que a peça seja relativamente exclusiva. Depois que o período da coleção expirar, o produto não voltará. Se o cliente realmente se apaixonou por algo, o melhor é comprar. É a regra do fast fashion", diz o empresário. O idealizador do Oppa também descarta liquidações para se livrar de eventuais encalhes: "O objetivo é aumentar a produção aos poucos, para que tenhamos uma ideia do que o consumidor gosta mais – a escala virá dessa observação. Estamos preparando um esquema de doações das sobras."

Concorrência. O comércio de móveis com elementos de design pela internet não é um terreno inexplorado no Brasil. A catarinense Meu Móvel de Madeira, subsidiária da Celulose Irani, está no mercado há cinco anos. A empresa, que vende móveis de madeira de florestas replantadas, nasceu com o objetivo de ocupar a capacidade ociosa de uma indústria que pertencia ao grupo. No entanto, o site cresceu tanto que a fábrica foi desativada. Hoje, o Meu Móvel de Madeira concentra-se em design, comercialização e logística – toda a produção é terceirizada em Santa Catarina e no Paraná.

O faturamento do Meu Móvel de Madeira cresceu acima de 50% nos últimos dois anos, de acordo com o diretor da operação, Ronald Heinrichs. A receita da empresa já está acima de R$ 10 milhões por ano – caso a expansão atual seja mantida, o executivo afirma que o faturamento atingirá R$ 100 milhões até 2016. A expansão de uma empresa de internet, afirma Heinrichs, depende da propaganda "boca a boca". "Um problema de atendimento ganha repercussão maior nas redes sociais, onde você reclama para 300 amigos de uma vez. O serviço precisa ser impecável. E estamos sempre atentos ao que estão falando da gente."

A entrega é uma preocupação comum entre Oppa e Meu Móvel de Madeira. O idealizador da Oppa afirma que os entregadores da empresa permanecerão na casa do cliente enquanto ele abre a encomenda. "Se houver qualquer problema, a questão poderá ser resolvida na hora", explica. Já o Meu Móvel de Madeira, pensando nos atrasos de entrega comuns no fim do ano, lançou um desafio: promete entregar todos os pedidos feitos até a zero hora do dia 22 de dezembro na véspera do Natal. Caso alguém fique sem presente, o produto não será cobrado.

(Fernando Scheller l O Estado de S.Paulo)

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