O “hambúrguer” do Subway

A rede americana de fast-food, famosa pelas opções de refeições leves de seu cardápio, agora quer concorrer com o Big Mac.

A partir de novembro, a rede americana de fast-food Subway, que fatura US$ 16 bilhões em nível global, vai engordar o seu cardápio no Brasil. Quem for a um dos restaurantes da rede, conhecida mundialmente por servir opções de refeição com ingredientes lights, como alface, tomate e peito de peru, poderá se surpreender com a nova opção: o sanduíche de churrasco. Esse item, aprovado após dois meses de testes no Rio de Janeiro, será um dos pesos-pesados do cardápio, podendo chegar a 894 quilocalorias, para a versão com pão de 30 centímetros. Os lanches mais leves do Subway costumam conter cerca de 300 calorias, em média. O objetivo da rede, a princípio, não é mudar seu foco estratégico, mas buscar outro tipo de consumidor. Até porque o brasileiro médio não enxerga o “sanduíche natureba” como algo capaz de saciar o apetite.

“Com isso, poderemos atrair clientes típicos do McDonald’s,  Bob’s e Burger King”, diz Leandro Florio, chefe de marketing do Subway para a América do Sul. O processo de tropicalização do cardápio começou no fim de 2009, quando a BRF-Brasil Foods, dona das marcas Sadia e Perdigão, sugeriu à direção do Subway uma receita de frango defumado recheado com cream cheese. Hoje, esse item é o terceiro mais pedido e responde por 9% das vendas no Brasil, estimadas em mais de R$ 400 milhões por ano. Com a nova opção, a companhia não só quer acrescentar mais calorias aos seus sanduíches como também aumentar a receita. “Trata-se de um movimento interessante da empresa”, afirma Marcelo Cherto, da consultoria de franquias Cherto, de São Paulo. “Supre uma deficiência do cardápio nos dias de baixa temperatura, quando as pessoas preferem algo mais consistente.”

O filé bovino foi desenvolvido pelo frigorífico Minerva Dawn Farms, de Barretos (SP). “Eles conseguiram criar um produto muito satisfatório, que já chega processado às nossas unidades e até com a marquinha da grelha”, diz Florio. “Só precisamos descongelar e esquentar.” Todo esse cuidado foi necessário para que não ocorressem mudanças no negócio. Afinal, nenhum dos restaurantes do Subway possui cozinha. Os atendentes apenas esquentam os ingredientes em pequenos fornos. Graças a essa característica, uma loja da rede ocupa menos espaço e exige um desembolso menor para ser implantada. Cada ponto custa cerca de R$ 200 mil. Montante que equivale a apenas 10% do gasto máximo exigido para abrir um restaurante do Bob’s ou do McDonald’s, que pode chegar a R$ 2 milhões.

Esse modelo operacional funcionou como alavanca para o crescimento da rede Subway em escala global. Neste ano, a empresa fundada pelo americano Fred DeLuca, em 1965, atingiu a marca de 35,4 mil restaurantes, espalhados por 98 países. Com isso, superou o até então líder McDonald’s. No Brasil desde 1993, o Subway começou 2011 com cerca de 500 pontos e pretende chegar a 750 até dezembro. A filial brasileira é hoje a quinta maior do mundo, mas Florio diz que a equipe local trabalha duro para torná-la a segunda, superando o Canadá. Depois do sanduíche de churrasco, o executivo promete que dois novos sabores serão testados no País anualmente. E um plano mais ambicioso está prestes a sair do forno. Ainda em fase inicial de estudos, o Subway pretende oferecer também o café da manhã. “Mas queremos nos diferenciar do McDonald’s”, afirma Florio. De acordo com o executivo, o objetivo é ter frutas e iogurtes no cardápio.

(Isto é Dinheiro)

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