Ofertas de Redecard e CCDI serão teste para regra sobre opinião do conselho

As ofertas de Itaú e Camargo Corrêa pelas controladas Redecard e CCDI vão estrear uma nova ferramenta para os investidores: a opinião do conselho de administração a respeito da proposta.
 
A exigência da manifestação dos conselheiros foi adicionada ao regulamento do Novo Mercado na reforma de 2010.
 
O colegiado deve se posicionar a respeito de qualquer oferta lançada pelas ações da companhia. A opinião deve ir além da consideração sobre o valor, com a recomendação para aceitar ou rejeitar.
 
Toda a proposta precisa ser ponderada. É necessário avaliar inclusive os planos estratégicos divulgados pelo ofertante e as repercussões sobre os interesses da companhia. Sendo assim, os conselhos da Redecard e da CCDI têm uma complexa tarefa pela frente.
 
O colegiado da Redecard, além do preço, terá de considerar todo o discurso do Itaú, que vislumbra um cenário pessimista para o segmento de cartões que não seja integrado a outros serviços que os bancos podem oferecer. Além disso, também vai precisar considerar o risco de o Itaú vender o negócio. Melhor do que qualquer avaliador, o colegiado, por ter uma visão privilegiada do negócio, poderá corroborar ou rejeitar a visão do Itaú.
 
Já o conselho da CCDI terá de considerar a perspectiva de a companhia ser retirada do Novo Mercado. A questão envolve, inclusive, um potencial conflito de interesses, já que os acionistas – controladores e minoritários – precisam sempre votar no melhor interesse da companhia. Assim, precisarão estar convictos de que a perda do selo de governança pela empresa é a melhor opção para o negócio.
 
A profundidade das avaliações dos conselhos de Redecard e CCDI vai dizer o quão eficaz é esse instrumento de análise para os investidores. Fora do Brasil, o posicionamento do conselho é determinante para as decisões dos investidores e costuma ditar condutas
 
A eficiência desse mecanismo poderia melhorar a percepção a respeito do processo de saída do Novo Mercado. Mesmo que a BM&FBovespa decida ampliar as exigências para essas operações, a reforma do regulamento em 2010 já deixou evidente que as mudanças não são nada facéis.
 
Uma proposta de modificação do regulamento não vai adiante se for rejeitada por 33% das companhias listadas.
 
Na ampla reformulação feita há dois anos ficou evidente, com a rejeição de pontos relevantes propostos, que as companhias tendem a negar modificações que possam dificultar suas vidas no futuro – ainda que seja em troca de uma melhor percepção de valor pelos investidores.

(Valor)
 

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