Oito consórcios estão prontos para disputar o leilão de aeroportos

Executivos do grupo indiano especializado em infraestrutura GMR (sigla para Grandhi Mallikarjuna Rao, fundador) estão no Brasil nesta semana levantando possíveis parcerias com empresas brasileiras para disputar os aeroportos de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília (DF). Embora não tenha fechado nenhuma sociedade ainda, a empresa já teve conversas com alguns grupos e anunciou às autoridades brasileiras que tem interesse em ser concessionária nos projetos aeroportuários. Representantes do governo orientaram os executivos do grupo a, se houver capital suficiente, disputar os projetos sozinha.

Sem parceiros, a empresa poderia planejar suas próprias propostas, sem ficar dependente de exigências de companhias brasileiras, como remunerações mais altas sobre o investimento. Representantes do governo avaliam bem o fato de a GMR disputar sozinha, pois cria ainda mais concorrência para o leilão.

A GMR tem participação na operação de quatro aeroportos na Índia e está construindo 15 projetos em energia e três estradas. O edital permite a participação das empresas estrangeiras individualmente, conforme é possível ler no trecho: "As proponentes pessoas jurídicas estrangeiras deverão apresentar, tanto para a participação isolada como em consórcio, os documentos equivalentes aos documentos para a habilitação".

Dentre os europeus, a ANA Aeroportos de Portugal está estudando os terminais em parceria com as argentinas Cartellone e CCI e as brasileiras ATP, CVS e Encalso. Esta última já atua em projetos de transporte, como concessões de rodovias.

Nesta reta final, executivos dos vários grupos interessados nos aeroportos estão passando boa parte do dia em reuniões fazendo contas para calcular o tamanho do apetite que podem ter nos lances. A entrega das propostas está marcada para o dia 30, daqui a uma semana. Os altos investimentos exigidos nos projetos e a estratégia demandada para lidar com a complexidade do leilão têm se mostrado uma dificuldade para grupos sem grande experiência em concessões. Por isso, alguns consórcios estão pedindo ao governo que adie o leilão. "Não precisa postergar por meses, pode ser só mais 30 dias. Já ajuda", diz um executivo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no entanto, parece intransigente e diz que o leilão está mantido para o dia 6 de fevereiro.

Em reunião de simulação do leilão na sexta-feira, que reuniu representantes das empresas na sede da BM&FBovespa, foi grande o número de dúvidas sobre os procedimentos do dia 6. Uma das grandes preocupações dos representantes dos consórcios é o chamado volume global de contribuição fixa, que soma todo o montante das ofertas de um mesmo proponente. Desse item, depende uma série de cálculos que influi na classificação das concorrentes nos três aeroportos. As empresas pedem à bolsa que disponibilize o dado nos painéis a cada nova proposta, para reelaborarem as estratégias – caso necessário. A BM&FBovespa declarou que tentará atender o pedido a tempo.

Segundo o Valor apurou, pelo menos nove consórcios devem disputar o leilão, sendo que oito já estão com as parcerias praticamente definidas. No começo, o mercado mencionava a possibilidade de até 22 sociedades se prepararem. Entretanto, após as restrições que o governo estabeleceu às empresas brasileiras, como a obrigação de haver um operador de aeroporto de grande porte (mais de cinco milhões de passageiros por ano) – o que, tecnicamente, só pode ser um operador estrangeiro – o número de grupos diminuiu para menos da metade do que era previsto.

(Valor)

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