Pactual deve vender 10% de suas ações

O Banco BTG Pactual quer aproveitar a atual janela que se abre no mercado de ações para fazer a sua tão aguardada abertura de capital. O banco se prepara para levar uma fatia de cerca de 10% do capital à bolsa. O valor exato da oferta ainda é uma incógnita, porque a cúpula da instituição faz segredo do valor que gostaria de atribuir ao banco. Mas, segundo estimativas obtidas pelo Valor, a oferta poderia ir de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões. Certo é que será uma operação totalmente primária, ou seja, com emissão de novas ações para aumento de capital. Assim, os sócios atuais manterão suas ações e apenas terão as fatias diluídas na proporção do aumento de capital. A oferta deverá ser de "units", papéis que reúnem ações ordinárias e preferenciais.
 
Há uma expectativa no mercado que o Pactual possa pedir o registro da oferta já na semana que vem, mas mesmo dentro do banco ainda há incerteza entre executivos ouvidos. "Estamos com tudo pronto para a abertura de capital, mas, se vai ser na semana que vem, ainda há dúvidas", disse um deles. A semana que vem é tida quase como um prazo limite para que as empresas que pretendem fazer ofertas de ações possam tomar como base as demonstrações contábeis de dezembro. Quem demorar além disso terá que esperar mais, até que tenha em mãos o resultado do primeiro trimestre.
 
Uma fonte calcula que o banco pode chegar a valer R$ 30 bilhões em bolsa depois do aumento de capital. O Pactual ainda não publicou o balanço de 31 de dezembro, mas estima-se que seu patrimônio líquido consolidado esteja próximo de R$ 8 bilhões (estava em US$ 4,3 bilhões há um ano). Nos cálculos de um executivo, o banco poderia vir a mercado por um múltiplo de 3 vezes o seu patrimônio líquido, o que daria algo em torno de R$ 24 bilhões. "Certamente será um múltiplo superior ao dos grandes bancos brasileiros", disse um executivo. Bradesco e Itaú são negociados hoje em bolsa a uma relação de 2,1 e 2,3 vezes, respectivamente, o valor patrimonial.
 
Em qualquer dos dois cenários, o valor do banco terá dado um salto em relação aos US$ 10 bilhões atribuídos a ele em dezembro de 2010, quando um grupo de fundos e investidores fez um aporte de US$ 1,8 bilhão para ficar com 18,65% das ações – entre eles, os fundos soberanos da China, de Cingapura e de Abu Dhabi. Essa avaliação feita pouco mais de um ano atrás já havia representado um salto sobre os US$ 2,45 bilhões pagos pelo banqueiro André Esteves e seus sócios para recomprar o Pactual das mãos do suíço UBS, em 2009.
 
Tantos saltos de valor se justificam pelo acelerado crescimento do banco nos últimos anos e pela expectativa de se iniciar agora uma expansão regional na América Latina. O banco concluiu no mês passado a aquisição da corretora chilena Celfin, em acordo estimado em US$ 600 milhões, e negocia entrada em outros países da região via aquisição. O mercado chinês também está no radar. Para manter o ritmo de crescimento, o Pactual precisa de capital.
 
A oferta de ações de agora pode parecer pequena perto de planos mais ambiciosos do banco. Mas, ao que tudo indica, a abertura de capital não encerra as pretensões do Pactual no mercado de ações. Uma vez listado em bolsa, com liquidez e preço definido pelos investidores, o banco pretende realizar nova oferta dentro de um ano e meio a dois, aí então, de maior porte.
 
Em dezembro de 2010, ao receber o aporte do consórcio de investidores estrangeiros, o Pactual viu seu capital avançar de US$ 2,4 bilhões para quase US$ 4,3 bilhões.

(Ana Paula Ragazzi e Vanessa Adachi | Valor)
 

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