Para ter Medial, Amil pode ter de vender ativos

A operadora de planos de saúde Amil pode ser obrigada a se desfazer de alguns ativos para ficar com a Medial – maior aquisição feita pela Amil até hoje e que tem como principal acionista o empresário Edson Bueno. O negócio entre as duas empresas foi fechado em 2009 e agora enfrenta resistência da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda.

Segundo um parecer da Seae, que deve ser divulgado nos próximos dias, a operação entre Amil e Medial "tem uma possibilidade significativa de apresentar efeitos líquidos negativos anticompetitivos". Em outras palavras, a secretaria verificou que o negócio aumentou a concentração de mercado da Amil, em São Paulo, onde a participação da empresa passou de 7,9% para 15%, e advertiu para os riscos a outras empresas do setor.

A Seae deve recomendar ao Cade que a Amil seja obrigada a vender ativos em Diadema e Mogi das Cruzes para equilibrar a concorrência na região metropolitana de São Paulo. Pelo parecer, a sugestão de venda inclui equipamentos, instalações, corpo técnico e material para a realização de análises clínicas da Medial. Também deve haver a recomendação de venda da carteira de beneficiários da Medial, em Diadema. O comprador deve ser uma terceira empresa com menos de 20% do mercado.

A Amil informou que não comentará o caso porque não tomou conhecimento do parecer. Ontem as ações da Amil recuaram 3,2%, enquanto o Ibovespa registrou queda de 1,3%.

O Cade é quem tomará a decisão final. Cabe aos conselheiros aceitar as recomendações da Seae ou não. A Seae pediu à Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça que abra investigação para verificar se a Amil informou aquisições feitas antes de 1999. Se essa infração for confirmada, a empresa pode ser multada.

Bueno é o maior consolidador do setor, seja por meio da Amil ou como pessoa física. De 2002 para cá, a Amil adquiriu as operadoras Dix, Ampla, Life System, Medial, ASL, Saúde Excelsior e Lincx, as carteiras de clientes dos convênios da Porto Seguro e da Semic, além dos hospitais Clínicas de Brasília, Pró-Cardíaco (BH), Casa de Saúde Lúcia e Samaritano (ambos no Rio). O empresário também é acionista majoritário nos hospitais paulistas Nove de Julho e Santa Paula.

Há menos de dois meses, o Cade pediu informações à Dasa sobre outro negócio: a compra da MD1, rede de laboratórios também criada por Bueno. Foi dado um prazo para a companhia apresentar essas explicações.

(Juliano Basile e Beth Koike | Valor)

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