Pequenas e médias empresas de sucesso dão dicas para fazer o empreendimento crescer.

Das 250 pequenas em médias empresas que cresceram de 2009 a 2011, 28 são nordestinas e, destas, 12 são pernambucanas – o ranking (confira aqui) é da consultoria Deloitte, em parceria com a revista Exame PME. Algumas atingem níveis astronômicos de faturamento, como a pernambucana Valox, cuja renda cresceu quase 9000% . Mas o que elas fazem para superar a burocracia que ronda os pequenos e médios empreendimentos no Brasil, conhecidos até por quem não é empreendedor?

Crescer diante do pesado cenário de impostos foi a maior reclamação das empresas pesquisadas, com 44% das menções. Por isso, para o CEO da Estaf Equipamentos, Gustavo Inojosa, o primeiro investimento deve ser em contabilidade. Assim como toda pequena e média empresa, a Estaf lidou com muitos problemas para poder alcançar os 94,7% de expansão no período da pesquisa.

“Contratar uma assessoria contábil não é tão caro. Não precisa ser o melhor escritório, basta um que trabalhe. Além dos números, o contador pode fornecer análises, discutir prevenções financeiras, por exemplo, o que ajuda qualquer empresário”, pondera o CEO da Estaf, que trabalha com aluguel de equipamentos para construção civil. “Além da carga de impostos, nossos grandes problemas foram a taxa de juros e a mão-de-obra qualificada”, explica.

O diretor comercial da Set Sistemas, Alexandre Reis, concorda. Por isso, investe na qualificação dos funcionários.“Eles mostram que querem se capacitar e chegamos a um acordo. Financiamos parte do curso ou da pós-graduação, por exemplo”, conta. Às vezes, relata o diretor, o retorno não chega. “Investimos esperando que o colaborador traga conhecimentos novos. Um ou outro prefere voltar ao mercado”, diz. A empresa distribui produtos de higiene profissional e cresceu 43,1% de 2009 a 2011. Figura pelo terceiro ano seguido no ranking da Deloitte/Exame PME.

Gustavo Inojosa lembra que pessoas capacitadas são cobiçadas pelo mercado.“Como competir com alguém que pode pagar melhor?”, questiona. Ele e Alexandre Reis, entretanto, dizem que o processo vale a pena e que investem bastante no colaborador. “Mas os executivos precisam se aprimorar também. Notei isso e fiz pós em contabilidade, MBA em gestão empresarial. Qualificação é fator chave para qualquer um”, finaliza o CEO da Estaf.

Para crescer a competitividade, a Set Sistemas decidiu capacitar também o cliente. O crescimento da empresa gerou a necessidade de aumentar as vendas, e a ideia surgiu para fidelizar o comprador. A Set gerencia a performance dos produtos, treina os funcionários que vão usá-los, realiza campanhas dentro do cliente, além de fazer acompanhamento semanal ou mensal do uso dos material. Tudo isso gratuitamente. “Vimos que não é só pôr um produto de qualidade no mercado. Isso a concorrênia também faz. Precisamos de um diferencial e essas ações têm dado certo”, explica Reis.

No caso da Pitang – que atua no ramo de tecnologia da informação (TI) e conseguiu, em 2011, faturamento de quase R$ 14 milhões – a chave é apresentar novidades. Empresas do mercado de informática, TI e internet são maioria no ranking Deloitte/Exame PME: 24%.  “A concorrência é enorme. Por isso, inovação é essencial no nosso trabalho. Mas inovar na gestão é mais importante ainda. De nada adianta você ter em mãos tecnologia de ponta e não gerir bem o negócio”, afirma o diretor presidente da empresa, Antônio Valença, que continua: “todo gestor precisa ter muito foco para manter um empreendimento bem e fazê-lo crescer”.

CONTEXTO


Algumas das empresas mencionadas são beneficiadas pelo andamento da Economia. “Por exemplo, com a quantidade de empresariais sendo levantados em Recife, é óbvio que a Valox, que trabalha com mobília de escritório, tem um nicho vantajoso. A mesma coisa acontece com a Estaf Equipamentos, que aluga material para a construção civil, setor favorecido pelas obras realizadas em Pernambuco”, explica o sócio diretor da área de auditoria da Deloitte, José Emílio Calado.

Além do serviço contábil, o jurídico também pode ser contratado a preços reduzidos. “Procuramos um escritório dizendo o que podíamos pagar. Naquela época, era apenas uma consultoria via email, que satisfazia nossas necessidades”, lembra Gustavo Inojosa.

A Pitang superou uma forte crise vivida em 2007 com ajuda de algumas medidas básicas. Começou com contenção de custos, onde as despesas de cada área eram analisadas com olhar microscópico. Depois, tentaram responder perguntas como “o que o mercado demanda? O que vai demandar nos próximos anos?”. Em terceiro lugar, criou-se um ambiente motivador e satisfatório para o colaborador. “O funcionário precisa compartilhar a filosofia da empresa”, diz Antônio Valença.

O pequeno e médio empreendedor ainda conta com instituições, a exemplo do Sebrae-PE, para consultoria empresarial, a que pode auxiliá-lo a alavancar seu empreendimento.

(Jornal do Comercio)

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