Pesquisa mostra otimismo de empresas brasileiras, diz Abrasca

RIO – As empresas brasileiras estão com um "otimismo consistente" em relação às condições da economia brasileira no segundo semestre.

Pesquisa semestral realizada pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) com 200 associados mostra que 92% dos entrevistados esperam um volume de vendas maior no segundo semestre de 2010, na comparação com igual período anterior, patamar que representa um novo recorde da enquete, realizada há 10 anos pela Abrasca.

A pesquisa também apontou que dois outros indicadores registraram os patamares mais altos da série na comparação com o verificado em igual trimestre do ano anterior. Para 91,67% dos entrevistados, a demanda interna vai ser maior nos últimos seis meses de 2010, enquanto 72% esperam crescimento nos investimentos próprios no segundo semestre.

"A gente está numa fase em que os empresários estão sentindo uma tendência do crescimento dos investimentos como natural", disse o presidente da Abrasca, Antonio Castro, lembrando que no semestre anterior a pesquisa apontava que 69,7% esperavam crescimento nos investimentos próprios, o que já era tido como nível recorde. "É o dado que melhor reflete uma visão de prazo mais longo", acrescentou.

O executivo também lembrou que 63,9% dos recursos que serão investidos no segundo semestre deverão ter como origem o caixa das próprias empresas, enquanto 12,2% virão de bancos oficiais de desenvolvimento, 4% de bancos comerciais privados e 4,1% de bancos comerciais públicos.

Entre as maiores preocupações dos empresários, a Abrasca destaca os temores ligados à inflação. Segundo a pesquisa, 38,46% dos entrevistados esperam taxas de juros mais elevadas no segundo semestre.

Castro explicou que o período de apuração da enquete, que encerrou em 30 de junho, tornou mais aguda a percepção de elevação de juros, uma vez que a ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) apontou hoje uma perspectiva mais branda para o comportamento dos juros.

A pesquisa da Abrasca apontou ainda que 46,15% dos empresários esperam alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), percentual superior aos 40,6% verificados na pesquisa do primeiro semestre de 2010.

"Existe uma sensibilidade nos vários níveis corporativos de que a inflação é efetivamente uma preocupação, porque no restante as notícias são muito boas. As notícias em relação ao crescimento são ótimas", frisou Castro, citando as expectativas de 57,69% de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro supere este ano a previsão de 6% do boletim Focus, elaborado semanalmente pelo Banco Central.

Outro ponto negativo levantado pela pesquisa foi a expectativa de aumento no nível de custos, uma realidade vista por 64% dos entrevistados. Para Castro, esse indicador é "o ônus do bônus", e é visto como consequência natural em um cenário de mais contratações e mais gastos para arcar com as necessidades de crescimento. As expectativas de aumento de emprego são altas para 60% dos empresários.

"Há um sentimento generalizado de que o momento é bom no Brasil", disse Castro, lembrando que 57,69% dos entrevistados acreditam em uma pontuação superior a 70 mil pontos para o Ibovespa no fim do ano. "O que é difícil é ver isso em ano eleitoral, talvez seja a primeira vez que vê nível de confiança tão alto em ano em que não sabemos quem será o próximo presidente", acrescentou.

(Rafael Rosas |Valor)
 

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