Petrobras vai assumir sozinha refinaria em PE

Diretoria da estatal aposta que venezuelana PDVSA desistirá de sociedade na Abreu Lima, apesar de Hugo Chávez manifestar disposição de permanecer no negócio.

A Petrobras já reservou recursos para assumir a parcela da Petroleos de Venezuela S.A (PDVSA) na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Embora o prazo final seja 15 de agosto para confirmar a participação do sócio venezuelano, a diretoria da estatal sabe que terá a responsabilidade de assumir sozinha o empreendimento de quase US$ 15 bilhões.

O governo de Hugo Chávez manifestou disposição de permanecer no negócio, mas o recente questionamento dos valores é visto pela Petrobras como subterfúgio para uma saída honrosa do projeto.

A refinaria Abreu e Lima, com ou sem a PDVSA, é um dos empreendimentos que se salvaram do bilionário corte imposto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao novo plano de negócios da estatal para o período 2011-2015. O documento provavelmente será apreciado pelo conselho de administração da Petrobras, pela terceira vez, na reunião de amanhã.

Ao contrário das duas primeiras versões, que previam cerca de US$ 250 bilhões em investimentos, a nova deverá ter valor próximo dos US$ 224 bilhões do plano atual (2010-2014).

Com relação à refinaria Abreu e Lima, a saída da PDVSA levará a Petrobras a assumir a parcela de 40% originalmente destinada à estatal venezuelana. Em recente entrevista, Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da petrolífera, informou que 35% do empreendimento foram concluídos.

Até o momento, a Petrobras teria desembolsado R$ 7 bilhões. Em agosto, no entanto, expira o financiamento contraído pela estatal brasileira para construir a refinaria. Por isso, seria necessário uma definição da PDVSA.

Idealizada em 2005, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o colega venezuelano Hugo Chávez, a refinaria era um projeto de US$ 4,5 bilhões, mas teve os custos majorados ao longo dos anos devido a inflação de equipamentos e matérias-primas. A última revisão oficial indicava US$ 13,5 bilhões, mas fontes da estatal confirmam que o valor está em quase US$ 15 bilhões.

Apesar do custo adicional com a saída da PDVSA, a estatal dispõe de recursos para concluir a obra, diz uma fonte ligada à administração da empresa. Sem o sócio, porém, o projeto poderá prescindir de uma unidade de craqueamento para processar o petróleo pesado da Venezuela.

A ideia original era processar tanto petróleo brasileiro, do campo de Marlim, quanto do país vizinho, de um tipo mais pesado. O objetivo era capacitar a unidade a produzir combustíveis em quantidade proporcional à participação societária.

Verba garantida

O novo plano de negócios também deve poupar os investimentos da subsidiária de transportes da Petrobras, a Transpetro. Além das duas fases do Programa de Modernização e Expansão da Frota da empresa (Promef), foram preservados recursos do Promef Hidrovias, para construção de embarcações fluviais em estaleiros brasileiros.

Na última segunda-feira, Sérgio Machado, presidente da subsidiária, teve a confirmação de que a holding desistiu de transferir para a empresa Sete Brasil os petroleiros encomendados pelo Promef. A operação era uma manobra para reduzir o endividamento total da estatal.

Como a Petrobras terá apenas 10% da Sete BR – cujo controle seria dividido com bancos privados e fundos de pensão -, a diretoria pretendia abater os custos da frota de seu balanço consolidado. A proposta foi abortada, no entanto, por uma manobra do presidente da Transpetro junto à presidente Dilma Rousseff.

(Brasil Econômico)

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