PetroChina vai abrir fábrica de sondas na Bahia

Com investimento de R$ 130 milhões, estatal asiática anuncia hoje a Bomcobras, subsidiária de máquinas de perfuração de petróleo.

A projeção do mercado petrolífero para o Brasil não atrai apenas companhia de exploração de óleo e gás de olho no pré-sal. Fabricantes de equipamentos também esperam lucrar com as perspectivas desenhadas para os próximos anos.

Caso da gigante chinesa de sondas para perfuração poços de petróleo Baoji Oilfield Machinery (Bomco).

A subsidiária de máquinas e equipamentos das estatais PetroChina e China National Petroleum Corporation (CNPC) anuncia nesta segunda-feira (10/10) a construção da fábrica em Simões Filho, região metropolitana de Salvador.

"A instalação da fábrica será feita em seis meses. Estaremos operando no segundo semestre de 2012", antecipa ao Brasil Econômico o vice-presidente Francisco Colnaghi.

Ele é um dos sócios da Bomcobras, joint-venture criada pela sua Aspebras e a Brasil China Petróleo (BRCP). As brasileiras terão 33% de participação do capital da companhia, enquanto a Bomco fica com 34%.

"Todo aumento ou redução de capital tem de ser uma decisão unânime do conselho", diz o executivo.

"Estamos jogando de igual para igual com um gigante chinês", afirma.

A fábrica é parte do caixa de R$ 130 milhões programado para estruturar a criação da Bomcobras em dois anos.

O passo deve incluir a instalação de unidades de serviços e reposição de peças em Manaus, Santos e Macaé, além de escritório comercial no Rio de Janeiro.

O foco inicial será produzir sondas para perfuração de poços em terra (onshore). A meta é vender entre 15 e 20 unidades por ano.

"Uma sonda para perfurar de 3 mil a 4 mil metros de profundidade custa de US$ 10 milhões a US$ 12 milhões", diz.

Colnaghi ressalta que a previsão é conservadora ante o surgimento de novas operadoras onshore. "Esse mercado vai ser grande nos próximos anos. Estamos falando de 2 mil, 3 mil poços que serão perfurados", projeta.

"A HRT, a OGX, a Petra e outras empresas têm prazo para cumprir com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e vão precisar de sondas", confia.

Estratégia chinesa

A entrada da Bomco no Brasil pode ser um passo estratégico de petrolíferas chinesas dispostas a disputar blocos no 11ª leilão da ANP – programado para 2012. Entre elas, Sinopec e Sinochem, que já detêm blocos no país e são atendidas pela Bomco por meio da ChinA-ogpe – rede de equipamentos e serviços formada pelas indústrias de suprimentos chinesas.

A Bomco é uma principais fabricantes de sondas para águas profundas do globo – com máquinas que podem atingir 12 mil metros. Ela opera em cerca de 70 países e vende em média 140 unidades por ano.

"Os chineses estão muito animados em vir trabalhar no Brasil. Era um dos objetivos de crescimento deles", afirma.

Colnaghi assegura, contudo, que não está no planejamento de curto prazo da Bomcobras investir agora em sondas para águas profundas.

"Temos o sonho de produzir esse equipamento em outra etapa. Por enquanto, precisamos estruturar o arroz com feijão no mercado para receber esta tecnologia."

(Nivaldo Souza l Brasil Econômico)

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