Petros se prepara para levar Invepar e Eldorado à Bovespa

Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, se prepara para lançar duas empresas na bolsa até o fim do ano que vem. Uma será a Invepar, holding de participações em logística, na qual é sócia ao lado de duas outras fundações, a Funcef, dos funcionários da Caixa, e a Previ, caixa de previdência do Banco do Brasil, além da empreiteira OAS. A outra oferta inicial de ações será da Eldorado, que a fundação quer converter na maior produtora de celulose do país.
 
O IPO da Invepar estava previsto para até o outubro, mas, após a compra da concessão do aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, será necessário refazer as contas. Estima-se que esteja avaliada em até R$ 5 bilhões.

"Acho que este ano ainda não vai dar", disse em entrevista ao Valor o presidente da Petros, Luís Carlos Afonso, na sede da fundação. Antes de levar a mercado, a Petros e seus sócios vão arrumar a casa. Começando pelas próprias participações na Invepar, que serão igualadas entre os quatro parceiros. Para a Petros, a Invepar será o veículo de investimento de todas as suas participações em mobilidade urbana, aeroportos e portos.
 
Na Eldorado, controlada pelo o grupo J&F, Petros possui 8,2% por meio de um fundo de participações e no ano passado adquiriu 7,4% diretamente. Para Afonso, a participação direta deu a oportunidade de realização dos lucros que demoraria muito para acontecer com o FIP Florestal, que além da fatia da Eldorado investe em outros projetos de celulose.
 
Tanto Invepar quanto Eldorado são frutos de investidas da Petrosem participações, uma alternativa para sustentar a médio e longo prazo o compromisso de rentabilidade contratado com os participantes do fundo, que prevê uma rentabilidade anual de 6%, além da inflação medida no IPCA. No ano passado, a Petros conseguiu um ganho de 11,76%. Chegou perto, mas não bateu a meta, de 12,89%.
 
"E estamos comemorando, porque deu muito trabalho", pondera Afonso, que comentou a performance de 2011 e falou das alternativas com as quais pretende cumprir o compromisso de rentabilidade nos próximos anos, apesar da perspectiva de juro real muito baixo, mas afirmou que não cogita propor a revisão da meta atuarial, como sugere a Abrapp, entidade que representa os fundos de pensão.
 
"Não tem mais jogo fácil. O juro nos força a ir para a área produtiva", diz, se referindo à parcela da carteira aplicada em ativos reais. Ao fim do ano passado, a renda fixa ainda respondia por pouco mais de metade da carteira da fundação, que somou um patrimônio investido de quase R$ 58 bilhões. Em 2011, essa parcela da carteira ainda ficou acima da meta, com 14,8%, e bateu com alguma folga o CDI, de 11,6%.
 
Não foi o bastante para compensar o desempenho em renda variável, de 6,25% –ainda que, na comparação com a perda de mais de 18% registrada no Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, essa fatia, que responde por mais de 37% da carteira, tenha contribuído com as razões para a comemoração. Ganho expressivo, mesmo, só com a carteira de imóveis, que saltou mais de 26%. Mas ainda que possa crescer muito, essa parcela da carteira ainda é pequena se comparada ao tamanho da Petros. Em 2011, respondia por 3,3% do total. A fundação deposita nesses negócios e na fatia aplicada em investimentos estruturados, de 6,4% da carteira, sua maior esperança de retorno no futuro. Mas está preparada para suar a camisa nessas duas áreas.
 
Em imóveis, vai buscar sair do eixo Rio-São Paulo. Segundo Afonso, o alvo são ativos ligados a comércio, como shoppings, para se beneficiar também da força do consumo na economia. Mas, nessa seara, a Petros quer ser sócia de administradores competentes no ramo. O trabalho está mais na escolha dos sócios que na gestão.
 
Em investimentos estruturados, a fundação sabe que terá que entender do negócio e atuar intensamente para ajudar na arrumação da casa, antes de levar a empresa a mercado. "Pouca coisa vai vir pronta e acabada", comentou Afonso, lembrando que em 2009 a fundação aproveitou os preços castigados pela crise que eclodiu no ano anterior e foi às compras na bolsa. Naquele ano, a participação de renda variável na carteira saltou de 20% para 29%.
 
Em 2010, a bolsa ainda era o alvo, mas de maneira mais concentrada. Vem daí a participação adquirida na Itaúsa, empresa de participações do grupo Itaú, que ajudou a elevar a mais de 36% a fatia aplicada em bolsa. Em 2011, a Petros bem que tentou encontrar mais uma Itaúsa, que, com o pagamento regular de dividendos, oferecia o conforto dado pela dinâmica dos títulos públicos que abriram espaço para a compra da participação, com a vantagem de ser um ativo real. A fundação ainda não desistiu, e Afonso acena com alguma compra relevante na bolsa, relacionada a consumo, mas com outra estratégia, voltada para a consolidação de algum setor.

(Vera Saavedra Durão e Marcelo Mota | Valor)
 

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