Peugeot negocia expansão no país com governo do Rio

 PSA Peugeot Citroën negocia novos investimentos com o governo do Rio. As discussões poderão levá-la a construir mais uma fábrica no Estado. "Queremos ganhar massa crítica e continuar a crescer no Rio", disse ontem Carlos Gomes, presidente da montadora francesa para o Brasil e América Latina. Ele afirmou que a empresa espera tomar uma decisão sobre o assunto até o fim de 2011.

Gomes também anunciou que a partir do fim do ano a PSA vai contratar 800 funcionários para a fábrica da empresa em Porto Real, no sul fluminense, onde produz modelos das duas marcas (Peugeot e Citroën). As contratações se inserem no plano de expansão da capacidade da fábrica, que passará de 29 para 40 carros por hora.

Hoje a fábrica, que opera em três turnos, tem capacidade para produzir 150 mil veículos por ano, número que vai chegar a 220 mil a partir de 2012, alta de quase 50%. Para garantir essa ampliação, a empresa já havia anunciado investimentos de R$ 1,4 bilhão no Brasil para o período 2010-2012.

Gomes disse que as contratações podem, inclusive, superar as 800 vagas, o que depende das negociações com o governo do Rio para aumentar as atividades industriais no Estado. Ele afirmou que as discussões não consideram somente questões de benefícios fiscais, mas também outros aspectos relacionados, por exemplo, à logística. "Operar no Brasil [em termos logísticos] é mais complicado do que em outros países", comparou. Gomes informou que a empresa está fazendo a primeira importação de aço (da Ásia) para abastecer a fábrica de Porto Real.

O Valor procurou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado para falar sobre as negociações, mas o secretário não estava disponível para entrevistas. Gomes disse que no fim do ano passado a empresa adquiriu, em Porto Real, área de 65 mil metros quadrados onde pretende fazer uma ampliação do polo de fornecedores. Empresas fornecedoras manifestaram interesse de se instalar no local, afirmou o executivo.

A PSA Peugeot Citroën vem analisando há algum tempo onde fará os investimentos necessários para garantir a continuidade do crescimento na região após 2012. As opções incluem Brasil e Argentina, onde tem uma fábrica com capacidade ociosa. Em conversa com jornalistas, ontem, Gomes deixou claro que a empresa quer investir no Rio de Janeiro. "Não conversamos com nenhum outro Estado."

A empresa quer fazer de Porto Real um dos centros de excelência de produção dentro do grupo. No local, a empresa conta com uma fábrica de motores para produzir 220 mil unidades por ano. Novos investimentos devem ser feitos nessa fábrica dentro da estratégia de produzir três novas famílias de motores nos próximos cinco anos. Gomes disse que serão investidos € 50 milhões, entre a PSA e a rede de concessionários, até o fim de 2012, para abrir 95 pontos de venda no Brasil e Argentina.

Gomes previu que a empresa vai terminar o ano com a venda de cerca de 190 mil unidades no mercado interno, crescimento de cerca de 9% sobre as 174 mil unidades comercializadas em 2010. O número deve garantir à PSA participação de 5,5% no mercado nacional de carros de passeio e comerciais leves, previu o executivo. Em 2010, o "market share" da empresa, com as duas marcas, foi de 5,2%. A PSA é a quinta montadora em vendas no mercado brasileiro, considerando as duas marcas.

Na América Latina, as vendas podem totalizar 330 mil unidades este ano, com aumento de 12% sobre os 294 mil veículos vendidos na região no ano passado. A participação da PSA no mercado latino-americano deve ficar em 5,9%. A meta da empresa é vender 500 mil carros na América Latina em 2015.

(Francisco Góes | Valor)

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