Pimco abrirá unidade no Rio em setembro

A Pimco deve aportar em terras cariocas em setembro deste ano, quando pretende abrir as portas de sua primeira unidade em um país emergente. Uma das maiores gestoras de ativos do mundo, responsável pela administração de US$ 1,3 trilhão em ativos e chefiada pelo guru das finanças Mohamed El-Erian, a empresa já recebeu o sinal verde da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No momento, a gestora espera a autorização para fazer parte da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) ao mesmo tempo em que procura um escritório para alugar no Rio de Janeiro, segundo contou ao Valor Alec Kersman, futuro diretor da unidade local.
 
Kersman, que ainda está em Nova York, chega com a responsabilidade de se aproximar dos clientes brasileiros, considerados "conhecedores sofisticados de finanças", e também daqueles de outras regiões da América Latina, além de consolidar a presença em um mercado em ascensão que gera forte interesse de seus atuais clientes pelo mundo. Segundo ele, investidores brasileiros buscam cada vez mais produtos financeiros diversificados, especialmente aqueles considerados "high yield", ou de alto rendimento. A tendência é que a busca por tais produtos aumente em meio a um contexto com taxa básica de juros cada vez mais baixa por aqui, avalia o executivo.
 
A mudança física do executivo de Nova York, onde atualmente coordena estratégias para a América Latina e o Caribe, e a abertura do escritório regional marcam um importante passo nesse sentido. Hoje o escritório de Manhattan conta com 400 funcionários e alguns deles devem vir também para o Rio. Mas Kersman, que é argentino de Buenos Aires, está de olho no em profissionais do mercado brasileiro para compor sua equipe. Ele ressaltou que será estratégico contar com brasileiros para obter êxito nas operações na região, sem declarar exatamente quantas vagas estão abertas nem os postos específicos. "Precisamos reconhecer o que os brasileiros estão buscando, e assim formular estruturas que sejam interessantes para eles", disse.

Os clientes estão espalhados por toda a América Latina (com um claro peso maior para aqueles no Brasil) e podem ser divididos em cinco áreas principais, sem uma ordem de prioridade, diz Kersman. Uma delas é composta pelos grandes gestores de dinheiro público, como fundos soberanos e bancos centrais; outra agrega o setor corporativo e seguradoras, de forma geral; uma terceira inclui os fundos de pensão e os dois outros incluem as empresas de gestão de riquezas ("wealth management" e "private banks") e os chamados "family offices", de gestão de patrimônios familiares. "Investimos em ativos do Brasil [ações, títulos de dívida ou em moeda] há muito tempo e pretendemos aumentar a atual proporção do país."
 
E por que o Rio de Janeiro e não São Paulo? "Essa é uma boa pergunta, que muita gente me tem feito e que não sei responder exatamente", conta ele em meio a risadas discretas. "As duas cidades tinham forte potencial, mas a ideia é que o escritório do Rio seja apenas uma sede para toda a América Latina, a partir da qual atenderemos toda a região." Na hora da decisão, pesou até o histórico da própria Pimco: criada em 1971, e empresa tem sua sede global em Newport Beach, na região metropolitana de Los Angeles e no meio da "costa dourada" da Califórnia. "Até por isso, pensamos que o Rio seria um ótimo lugar para estarmos." Com 36 anos, ele virá com a esposa, também argentina, e três filhos – o mais novo deles nascerá em junho. Todos animados com as mudanças? "Muito! Não vemos a hora", diz o executivo, mais uma vez em meio a risadas.

(Filipe Pacheco | Valor)

 

 

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